Após quatro anos sem cortar a taxa básica de juros, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu nesta quarta-feira (19) reduzir a Selic em 0,25%, para 14% ao ano. Desde julho do ano passado, a taxa estava em 14,25%.
A mediana da pesquisa da agência Bloomberg com analistas do mercado financeiro indicava que o corte seria de 0,25 ponto percentual, para 14% ao ano. No entanto, as estimativas variavam de um corte mais duro, de 0,50 ponto percentual, para 13,75% ao ano, até a manutenção dos juros em 14,25% ao ano.
No relatório Focus divulgado pelo BC na última segunda-feira, os analistas reduziram a expectativa de inflação para 7,01%, refletindo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro, que ficou em 0,08% – a menor taxa para o mês desde 1998.
Com a previsão de uma inflação mais amena, os analistas também diminuíram a previsão para a taxa básica de juros neste ano depois de oito semanas em 13,75%. A previsão, segundo o levantamento semanal do BC, é que a Selic encerre 2016 em 13,50% ao ano.
A última vez que a Selic chegou a um dígito foi em novembro de 2013, a 9,5% ao ano. A média das expectativas dos analistas, pelo Focus, aponta para uma taxa de 11% ao fim do ano que vem, mas diversos analistas já trabalham com um juro abaixo deste número para o fechamento de 2017.
Repercussão
A redução de 0,25% na taxa básica de juros foi considerada como conservadora para a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif. “Confesso para você que achava que tinha espaço para uma redução de 0,50 ponto porcentual. Acho que foi uma decisão reputacional”, observou.
O resultado, reforçou ela, foi o de um BC que está investindo em manter a boa reputação, em não perder credibilidade. “Entendo que caberia muito bem 0,50 ponto porque temos tido boas surpresas nos trâmites de reformas, com esforços do governo para aprovar a PEC do Teto e da Previdência. Além disso, temos um ambiente externo e câmbio favoráveis. Os vetores são para baixo”, justificou Zeina.
Quanto à atividade, Zeina disse acreditar estar mais preocupada com o assunto do que parece estar a autoridade monetária. A economista afirmou não ver crescimento tão cedo. “Por este aspecto, não vejo demanda pressionando a atividade.”
Zeina acrescentou que o BC, na linha de manter a reputação, não se comprometeu com um corte de 0,50 ponto na próxima reunião do Copom, como se estivesse dizendo que, se as coisas não avançarem, manterá a toada de cortes de 0,25 ponto. “Vai analisar os dados que sairão até o próximo Copom para decidir se eleva a magnitude do próximo corte”, concluiu.
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