A taxa da inflação oficial em 12 meses ficou abaixo de 6% em setembro, pela primeira vez no ano. O teto da meta fixada pelo governo é 6,5%. Com 5,86%, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador que baliza a política monetária, volta ao patamar de dezembro do ano passado, quando registrou 5,84%. No mês passado, a taxa foi de 0,35%. A desaceleração em relação ao resultado de setembro de 2012, de 0,57%, pode ser creditada principalmente aos combustíveis e ao grupo de alimentos e bebidas.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou em Brasília que ficou satisfeito com o resultado, mas garantiu que o governo permanecerá alerta para impedir que a inflação volte a subir. "O IPCA de 0,35% é menor do que o registrado no mesmo período do ano passado e do ano retrasado. Isso significa que a inflação está sob controle", disse. Apesar da boa notícia, analistas do mercado financeiro preferiram não comemorar, uma vez que a depreciação do câmbio e um eventual reajuste da gasolina podem impulsionar novamente os preços.
A incerteza que pesa nas projeções, segundo o economista-chefe da Concórdia Corretora, Flávio Combat, é o reajuste dos combustíveis. Para ele, os sinais têm sido divergentes, mas é a decisão que vai determinar se a inflação ficará entre 5,8% e 5,9% no ano (sem aumento) ou em 6% (com reajuste). O desempenho dos preços administrados em geral também impede maior otimismo. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o índice de monitorados cresceu apenas 0,16% em setembro, com alta de 1,13% em 12 meses bem abaixo do índice geral do IPCA.
Influências
Em setembro, as passagens aéreas ficaram no topo dos impactos de alta no IPCA, com aumento de 16,09% no mês e pressão de 0,08 ponto porcentual. Sozinhas, impulsionaram o grupo de transportes, que teve alta de 0,44% (após meses de deflação com as reduções nas tarifas de ônibus). Para Combat, o reajuste é reflexo do início da alta temporada, e ainda há espaço para novos aumentos.
Já o pão francês, segundo na lista de vilões, tem sofrido com a redução na oferta de trigo no mercado internacional e com o câmbio desvalorizado, uma vez que o Brasil é importador da commodity. O pãozinho ficou 3,37% mais caro em setembro, com impacto individual de 0,04 ponto porcentual.