A diretora de relações institucionais e desenvolvimento de negócios da Telefónica, Leila Loria, disse que a direção da Portugal Telecom (PT) não levou em conta o interesse de seus acionistas ao recusar a proposta de compra de sua parte na Vivo. As duas empresas possuem, cada uma, 30% do capital total da operadora e compartilham meio a meio o controle da tele, líder brasileira em telefonia móvel.
A Telefónica de España ofereceu 5,7 bilhões de euros à Portugal Telecom por sua fatia na Vivo. "O questionamento é se a Portugal Telecom analisou [a proposta] do ponto de vista do acionista. Parece que não [foi o que aconteceu]." Para Loria, o interesse da Telefónica na Vivo reside na possibilidade de oferecer o pacote chamado "quadriplay" no país telefone fixo, celular, internet e tevê a cabo.
A executiva ressaltou que o negócio, se concretizado, permitirá "uma maior convergência" desses serviços. O negócio resultará ainda, diz, em redução de custos na ordem de US$ 2,8 bilhões. Loria reconheceu, porém, que a Vivo tem, sozinha, um peso de mais de 60% no faturamento da empresa portuguesa. "Já para a Telefónica, essa importância é infinitamente menor". O Brasil é o segundo maior mercado da Telefónica, atrás apenas do espanhol. Nesta semana, a Telefónica ameaçou comprar, por meio de uma oferta hostil, a própria Portugal Telecom, em resposta à recusa da PT à oferta pela participação na Vivo. A companhia espanhola é atualmente uma das principais acionistas da Portugal Telecom.
Os espanhóis também disseram que vão "congelar" o dividendos pagos pela Vivo, votando no Conselho de Administração para que os lucros sejam reinvestidos na operadora, e não mais distribuídos. A Portugal Telecom reagiu e acusou a espanhola de chantagem.