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Mineração

Pelo Rio Tibagi, Paraná retoma o ciclo do diamante

Amanda Rossi foi encontrada morta dentro do campus da Unopar | Roberto Custódio/JL
Amanda Rossi foi encontrada morta dentro do campus da Unopar (Foto: Roberto Custódio/JL)

O ciclo do diamante não se esgotou no Paraná. Um século depois do boom da garimpagem, as reservas ainda indicam potencial para o estado assumir papel de destaque nacional como produtor e exportador. A exploração do minério ao longo do Rio Tibagi – nesse caso, utilizado para fabricação de lâminas – está sendo retomada, após ficar cerca de um ano e meio paralisada, por conta de denúncias de corrupção no escritório estadual do Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM). A empresa Mineradora Tibagiana recebeu, no mês passado, licença de operação para exploração do Instituto Ambiental do Paraná (IAP). O documento vale para áreas nos municípios de Ortigueira, Telêmaco Borba, Tibagi, Curiúva e Sapopema. Para operar, a empresa deve ainda aguardar liberação do DNPM. Por enquanto, não há concorrentes com processos em fase tão adiantada.

O potencial diamantífero do Rio Tibagi é conhecido desde os tempos do Império. No início do século 20, a cidade se transformou em uma espécie de "Serra Pelada" e foi invadida por garimpeiros. O ex-prefeito de Tibagi, José Tibagy de Melo, um dos fundadores do Museu Histórico, onde a mineração ocupa um papel de destaque, lembra que o auge da garimpagem foi na década de 1930. "Houve uma época em que havia aqui mais de 3 mil garimpeiros", conta. De acordo com a professora de Geologia das Universidades Federal do Paraná (UFPR) e Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Leila Perdoncini, há vários afluentes do Tibagi que têm trechos com diamantes.

Há cerca de 20 anos, a Minerais do Paraná (Mineropar), empresa de economia mista vinculada ao governo, promoveu uma pesquisa no rio. "Verificamos que as rochas do leito tinham um bom potencial. Mas a pesquisa foi restrita. O acúmulo de informações dos últimos anos mostra que o Tibagi tem um potencial muito maior do que essa análise apontou", diz o diretor-superintendente da Mineropar, Eduardo Salamuni. Segundo ele, a exploração no leito do rio tem impacto ambiental reduzido. "O diamante retirado no leito não prejudica a fauna nem o desenho morfológico do rio", reforça o presidente da Mineropar.

É muito difícil, no entanto, quantificar a quantidade de diamantes na região. "Poderemos ter uma alta significativa na produção caso as expectativas dos mineradores se confirmem", diz, sem querer arriscar números.

De acordo com o diretor da Mineropar, a maior parte dos diamantes encontrados em jazidas secundárias, como o rio Tibagi, é destinada às indústrias de serras, que fabricam lâminas de diamantes. As gemas e pedras utilizadas na joalheria são encontradas principalmente nas jazidas primárias, onde há ocorrência da pedra vulcânica.

No Brasil, há registro de diamantes primários apenas em Juína, no Mato Grosso. A reserva mineral desse local contém o equivalente a 19,8 milhões de quilates de diamantes, de acordo com o Anuário Mineral Brasileiro de 2006. No Paraná, as reservas somam apenas 182,4 mil quilates.

Projeto

Hoje não há extração legal de diamantes no Rio Tibagi. Os órgãos oficiais tentam evitar, mas há presença de garimpos ilegais, que enviam o material encontrado para Minas Gerais, principalmente. Os diamantes, sem reconhecimento oficial, não podem ser vendidos para o exterior. Os que são vendidos no mercado externo geralmente estão na forma bruta. Há poucos profissionais especializados em lapidação de pedras preciosas no Brasil.

Além de detalhar o monitoramento ambiental que será feito, os documentos apresentados pela Tibagiana ao IAP dão uma idéia de como pode ficar a exploração de diamantes no Rio Tibagi nos próximos anos. O plano é formar uma rede completa de comercialização do minério no Paraná. A empresa fará a extração por meio de dragagem e pretende se associar a 20 balseiros irregulares que fazem a coleta de diamantes com mergulhadores. Para isso, os proprietários deverão assinar um contrato e atuar dentro das normas legais e ambientais. As pedras encontradas serão vendidas para a Tibagiana, que poderá fazer a exportação dos diamantes pois detém o certificado Kimberley, espécie de comprovante de origem.

Outra proposta, que será feita às prefeituras dos municípios onde é feita a extração, é a instalação de uma escola de lapidação. Os recursos para a manutenção da escola viriam das prefeituras, que recebem a Compensação Financeira de Exploração Mineral (CFEM). No caso de pedras preciosas, cobra-se 0,2% do faturamento líquido na venda do produto mineral.

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