Os pequenos fabricantes de bebidas, responsáveis pela produção de marcas regionais, temem ser expulsos das gôndolas pelo avanço das multinacionais do setor, em especial Ambev e Coca-Cola. A preocupação foi exposta na semana passada, em Curitiba, durante o 1.º Simpósio Nacional da Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil (Afrebras). De acordo com a instituição, 78% do setor de refrigerantes é dominado por grandes indústrias, que abocanham 92% do faturamento. No mercado de cervejas, a participação dos pequenos caiu de 6% para 1,6% nos últimos cinco anos.
O principal risco projetado pelas indústrias de menor porte é a extinção das marcas locais, que possuem forte identificação com a região em que são produzidas e comercializadas. "Em Curitiba, é muito popular o refrigerante sabor framboesa. Já no litoral de Santa Catarina, o sabor laranjinha é muito consumido", exemplifica Fernando Rodrigues de Bairros, presidente da Afrebras. "É esta demanda que solidifica e faz os pequenos sobreviverem. As multinacionais não têm interesse em produzir, em pequena quantidade, tantos tipos diferentes de bebida."
O dirigente acredita que a extinção das indústrias locais de refrigerante acarretaria prejuízo imediato para o consumidor. "Os refrigerantes locais trabalham com um preço diferenciado. Se tirar essa opção, o cliente ficará limitado a uma única empresa", avalia.
Para Bairros, a cobrança de impostos é desigual entre as empresas de portes diferentes, o que dificulta a atuação das indústrias regionais. "A carga tributária para as multinacionais gira em torno de 26% do faturamento, enquanto para as empresas menores é de 42%. Esses valores deixam o industrial sem capital de giro e capacidade de investimento", relaciona.
No simpósio, também foi feita uma defesa do uso de garrafas PET, constantemente apontadas como vilãs do meio ambiente. De acordo com Hermes Contesini, coordenador de comunicação da Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet), 90% dos refrigerantes são envasados em garrafas de plástico descartáveis. Ele defende, entretanto, que esse tipo de embalagem é o que proporciona o menor custo ambiental.
"A garrafa PET é leve, resistente, e condiciona uma quantidade maior de produto. Isso proporciona menos custo com transporte e desperdício. Na produção de uma garrafa, são gastos 2 litros de água, enquanto a garrafa de vidro necessita de 6,5 litros para ser fabricada", diz Contesini. "Em 1994, a taxa de reciclagem no Brasil era de 18,8%. Em 2008, subiu para 54%. É a segunda taxa mais alta do mundo."