O dólar até ensaiou uma realização de lucros no Brasil no início desta sexta-feira, 11, com investidores vendendo moeda após os avanços recentes. Mas a percepção ruim em relação à economia e à política colocaram a divisa novamente em trajetória de alta ante o real.
No fim, o dólar à vista de balcão indicou valorização de 0,44%, aos R$ 3,8790. Na mínima do dia, vista às 9h39, marcou R$ 3,8200 (-1,09%) e, na máxima, às 11h57, atingiu R$ 3,8930. Apesar da oscilação de 1,91% entre a mínima e a máxima, que indica alta volatilidade, o dia foi marcado por certa calmaria, inclusive com giro mais contido, principalmente durante a tarde.
Logo cedo, investidores realizaram parte dos lucros mais recentes, o que justificou o viés negativo para a moeda americana. Depois, predominaram as avaliações ruins sobre o Brasil. Ainda mais porque, durante a sessão desta sexta, sugiram notícias de que o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, poderia ser substituído - informação negada posteriormente pelo Palácio do Planalto -; e que a Polícia Federal pediu que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja ouvido no âmbito da investigação da Lava Jato.
Questão técnica
Além disso, há uma questão técnica: com o dólar nos R$ 3,8200, como visto na mínima desta sexta, é natural que surjam compradores de moeda no mercado, justamente porque poucos veem espaço para cotações muito baixas.
Perto das 16h30, o giro à vista do dólar estava próximo de US$ 1,293 bilhão, sendo US$ 1,206 bilhão em D+2, conforme a clearing de câmbio da BM&FBovespa. No mercado futuro, que fecha apenas às 18 horas, o dólar para outubro subia, perto das 16h40, 0,76%, a R$ 3,9065, e tinha movimentado US$ 12 bilhões.
No exterior, o dólar apresentava comportamento misto: cedia 0,10% ante o dólar australiano, tinha alta de 0,16% ante o canadense, caía 0,32% ante o neozelandês, recuava 0,38% ante o rand sul-africano, avançava 0,49% ante o peso chileno e tinha alta de 0,47% ante o peso mexicano.
Taxas futuras de juros recuam, apesar de novo avanço do dólar
Embora o dólar tenha subido no Brasil, o movimento não foi suficiente para conduzir um avanço das taxas dos contratos futuros de juros nesta sexta-feira, mesmo com as preocupações com a inflação. Num ambiente de giro limitado e de acomodação de posições, após a turbulência de quarta e quinta-feira, em função do rebaixamento do Brasil pela Standard & Poor’s, as taxas futuras tiveram leves quedas.
Ao fim da sessão regular, a taxa do DI para janeiro de 2016 fechou nos 14,460%, ante 14,50% no ajuste anterior. O vencimento para janeiro de 2017 marcou 15,15%, ante 15,28%, enquanto o DI para janeiro de 2019 indicou 15,22%, ante 15,27%. Na ponta longa, o contrato para janeiro de 2021 marcou 15,11%, ante 15,15%. Já o dólar à vista de balcão subiu 0,44%, aos R$ 3,8790.
No geral, o mercado de juros aguarda agora para saber se o governo conseguirá agir a tempo de evitar que a Fitch - que classifica o Brasil dois níveis acima do grau ‘junk’ - e, principalmente, a Moody’s, na qual a nota brasileira já está à beira do patamar especulativo, cortem o rating do Brasil.
Sobre isso, o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, Edinho Silva, disse nesta tarde que as primeiras medidas de redução de gastos serão apresentadas na próxima semana.
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