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Perdigão e duas cooperativas disputam o controle da Batávia

Ponta Grossa e Curitiba – O controle acionário da Batávia S/A – indústria de Carambeí, terceira colocada no mercado nacional de refrigerados, com 13% de participação – está sendo disputado por dois grupos investidores. A catarinense Perdigão, uma das maiores processadoras de carne do país, confirmou ontem a negociação com a Parmalat, dona de 51% da Batávia, mas afastada judicialmente de sua administração e em processo de recuperação judicial. O outro grupo é formado pelas cooperativas que detêm 49% das ações – a Cooperativa Central de Laticínios do Paraná Ltda. (CCLPL) e a catarinense Agromilk.

O diretor geral da Batávia, José Antônio Fay, diz que as cooperativas ainda não se posicionaram sobre o assunto. "A princípio, elas pretendem manter sua participação na companhia." No entanto, uma fonte ligada ao setor cooperativista garante que a CCLPL e a Agromilk também estão na briga, a fim de comprar a parte da Parmalat e assumir de vez o controle da empresa – hoje elas comandam a Batávia por meio de uma liminar que afastou a multinacional italiana da direção. "Existe um esforço para que elas possam comprar a parte da Parmalat. Inclusive já estão em andamento negociações para que o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) abra um financiamento com esse fim", diz a fonte.

"Por parte das cooperativas, a saída da Parmalat da sociedade seria ótima", afirma Marcelo Bertoldi, advogado que representa as cooperativas. Em fevereiro do ano passado, descontentes com a gestão da multinacional, elas conseguiram destituí-la do comando da Batávia. Criou-se então uma situação curiosa: os italianos detêm o controle acionário mas, na prática, não comandam os negócios da empresa. "Por estar afastada da direção, a Parmalat não pode simplesmente vender as ações. Essa negociação não será simples. Existem muitas pendências jurídicas ainda", diz o advogado.

Sinergias

Mesmo que as cooperativas não consigam fazer frente à Perdigão na disputa pelas ações da Parmalat, não deve haver maiores traumas para a empresa. De acordo com a nota assinada pelo vice-presidente de finanças da Perdigão, Wang Wei Chang, são "as sinergias potenciais entre as duas empresas" que "estão proporcionando a negociação entre a Perdigão e os controladores da Batávia".

Quando Chang fala em sinergia, refere-se ao fato de que há alguns anos as duas empresas compartilham "utilidades industriais". Em 2000, a Perdigão comprou 51% do frigorífico da Batávia e, no ano seguinte, adquiriu o restante. Desde então, a empresa catarinense – instalada no terreno ao lado – utiliza a marca Batavo sob licenciamento para a linha de produtos à base de carne.

A nota do vice-presidente da Perdigão não esclarece se a empresa estuda comprar toda a Batávia ou somente parte dela – as duas versões circulam há alguns dias pelo mercado. De todo modo, para adquirir o controle acionário, bastaria à Perdigão comprar a participação da Parmalat no negócio – que, por sinal, está mais à venda do que nunca. A multinacional precisa juntar dinheiro o quanto antes para pagar suas dívidas, que estão próximas de R$ 1 bilhão.

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