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O que acontece quando um país deixa o euro?

Nos mercados financeiros uma nova moeda corrente necessita em primeiro lugar de um código nome de moeda que possa ser identificado por computadores para comércio e pagamentos. Eles são emitidos pela Organização Internacional para Padronização, uma federação global de padrões nacionais sediada na Suíça. Ela fornece um código alfabético de três caracteres, com os primeiros dois representando o país e o terceiro, o nome da moeda. A Grécia pode não ser capaz de retomar o código antigo do dracma — GRD — devido a pagamentos pendentes. Seria necessário um novo código, provavelmente GRN.

Banco Central Europeu decide não aumentar assistência emergencial a bancos gregos

O Banco Central Europeu decidiu neste domingo (28) que, por enquanto, não vai aumentar o fundo de assistência emergencial aos bancos da Grécia.Em nota após reunião, o BCE anunciou que o fundo está mantido, mas no limite da última sexta-feira (26), de € 89 bilhões, sem mais recursos, por ora. O órgão afirmou, no entanto, estar pronto para rever sua

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Depois disso, o código precisa ser inserido em softwares e sistemas de pagamento para que computadores possam reconhece-lo para processar pagamentos, confirmações de transações e outras funções críticas mas não necessariamente visíveis ao público. Provedores de infraestrutura financeira afirmam que este processo pode ser realizado em um dia útil, se necessário.

É apenas isso o necessário para os mercados?

Na realidade, o processo requer muito mais. A mudança para uma nova moeda é mais complicada quando envolve a resolução de contratos financeiros de longo prazo, como swaps e opções.

Há uma miríade de questões legais que precisam ser solucionadas quando pagamentos são transferidos de uma moeda para a outra. Algumas transações podem precisar ser modificadas ou até mesmo remarcadas. Não é uma tarefa impossível, mas por envolver mudanças legais é um processo lento e cuidadoso.

Felizmente não há uma barreira de contratos derivativos gregos de longo prazo. A saga de cinco anos deixou os investidores cautelosos e poucos aceitaram garantias do Banco Central Grego para suas transações, mesmo que o Banco Central Europeu tenha dado permissão a seu correspondente grego para oferecer garantias em operações do seu comitê de política monetária, o Eurossistema. Alguns operadores do mercado indicam que este passo poderia levar 30 dias úteis, mas mesmo essa previsão pode se mostrar otimista.

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O que o mercado espera que o governo grego faça para apoiar sua nova moeda?

O governo grego provavelmente estabeleceria a nova moeda grega a um valor de metade do euro para ganhar algum grau de competitividade, asseguraria este objetivo através de controle de capital e intervenção cambial e criaria liquidez emitindo títulos.

de circulação as cédulas de euro é a parte mais difícil, no entanto. A Grécia sofreria com rupturas no sistema bancário, falências, saída ilegal de dinheiro do país por parte da população e incertezas sobre transações comerciais.

O euro levou três anos desde o seu lançamento até a emissão de cédulas e, por mais que seja improvável que a Grécia leve tanto tempo para acertar uma nova moeda, o processo ainda poderia levar meses.

Que impacto imediato sobre os mercados teria uma saída da Grécia?

O tumulto no mercado após um anúncio de controle de capital ou da saída do euro não seria preocupante para um serviço de compensação cambial como a CLS.

No entanto, é improvável que haja muito movimento comercial num primeiro momento. Ainda não se sabe quanto da nova moeda seria necessário movimentar. Além disso a Grécia também teria que desenvolver um sistema para acertar pagamentos em dinheiro do banco central, mas isso poderia levar anos.

Poderia trazer bons resultados para a Grécia?

David Puth, diretor-executivo da CLS, disse que “Introduzir uma nova moeda grega é factível em algum tempo, mas não seria sem custos. A introdução de uma nova moeda é complexa mesmo quando realizada de forma planejada. Quando isso é feito repentinamente e sob pressão, o processo é traumático e com muitas consequências imprevisíveis”

OK, esse é o lado grego da história. E o euro, sairia ileso?

Não exatamente. O motivo é que uma saída da Grécia derruba o princípio fundamental da UE — que a zona do euro é um clube no qual se pode entrar mas não sair. Isso expõe investidores, corporações e outros com exposição variável a uma ruptura da zona do euro.

Quem, por exemplo?

Por exemplo, uma fabricante italiana cujos bens e receitas estejam localizados na Itália mas cujo financiamento seja realizado em euros.

E o que ela poderia fazer para se proteger?

O diretor-executivo da Record Currency Management James Wood-Collins, que oferece consultoria a seus clientes em cobertura de exposição cambial, sugere estabelecer swaps de redenominação e contratos de curso legal. Eles determinariam um valor para a probabilidade e impacto de um país deixar a zona do euro e reestabelecer sua moeda doméstica. O consultor afirma que “bancos e outros participantes do mercado têm discutido estes instrumentos nos últimos anos, mas ainda não foi estabelecido um mercado. A possível saída da Grécia poderia ser o catalisador necessário para este desenvolvimento”.

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