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Energia

Pesqueiro vende créditos ambientais

Apesar das restrições impostas às pequenas centrais hidrelétricas desde maio de 2003, o Paraná tem um exemplo de usina que, além de faturar com a venda de energia elétrica, começará em breve a ganhar dinheiro também por sua contribuição ao meio ambiente. A PCH Pesqueiro, que fica em Jaguariaíva (Campos Gerais) e tem potência de 12,44 MW, foi a primeira do país a validar a venda de créditos de carbono, previstos pelo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) do Protocolo de Kyoto.

A usina pertence a um consórcio de três cooperativas instaladas em regiões de colonização holandesa – as cooperativas de eletrificação rural de Castrolanda e Arapoti, no Paraná, e a Ceripa, de São Paulo – e vende energia no mercado livre, formado por grandes consumidores. Seis indústrias de São Paulo e do Rio Grande do Sul, com contratos que vencem entre 2008 e 2010, são clientes da PCH. Projetada em 2000 e funcionando há quatro anos, a central deve vender até março, para uma empresa japonesa, 130 mil créditos referentes a 38 meses de operação. O valor do negócio ficará próximo de 1,56 milhão de euros, o equivalente a R$ 4,34 milhões.

A usina tem direito ao crédito porque, ao gerar energia de forma "limpa", está dispensando parte da produção de usinas agressivas ao meio ambiente, como as termelétricas, por exemplo. "Temos direito ao MDL porque uma pequena central hidrelétrica quase não precisa de reservatório, usa fonte de energia renovável e não polui. Ou seja, tem impacto ambiental muito baixo", explica o coordenador geral da central, Rosmir César de Oliveira. Por outro lado, as empresas que compram os créditos são de países desenvolvidos que precisam "compensar" suas emissões de poluentes, para cumprir as metas do Protocolo de Kyoto.

Durante o longo processo para conseguir emitir os créditos – que envolve preparação do projeto, aprovação por uma comissão do Ministério de Ciência e Tecnologia, certificação por organismos internacionais e, finalmente, validação –, calculou-se que a PCH Pesqueiro gera uma média de 3,4 mil créditos por mês. Ou seja, ela "dispensa" a emissão do equivalente a 3,4 mil toneladas de carbono a cada 30 dias. "Com a tonelada de carbono a 12 euros, conseguimos uma receita marginal muito interessante, de 41 mil euros por mês", diz Oliveira.

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