A estabilidade registrada em abril no Índice de Confiança do Consumidor (ICC), após seis meses de queda, não aponta para uma recuperação do otimismo e a pesquisa, divulgada na manhã desta quarta-feira (24) pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), coloca a inflação no topo das preocupações dos consumidores.
Segundo a coordenadora técnica de Análises Econômicas do Ibre/FGV, Viviane Seda, a preocupação com o futuro da economia estava no topo dos receios dos consumidores há seis meses, quando começou o atual ciclo de queda no ICC.
"Mas isso foi aliado a outros fatores que estão pesando mais agora. A inflação tem ganhado espaço e está prejudicando a confiança", afirmou a pesquisadora, completando que os consumidores "já começaram a sentir o peso dos aumentos de preços e estão preocupados com os aumentos que estão por vir".
Se a estabilidade no ICC na passagem de março para abril foi garantida por uma melhora no Índice de Expectativas (alta de 1 5%), houve recuo, na comparação mensal, em outros subíndices, como o Índice de Situação Atual (2,3%), o Índice de Situação da Economia Local (6,7%) e o de Expectativas de Compras de Bens Duráveis (2,1%).
Além disso, o Índice de Expectativas de Compras de Bens Duráveis com 84,1 pontos, está abaixo da média dos últimos cinco anos, de 84,5 pontos.
"Isso mostra a questão da incerteza. O consumidor é movido pela situação financeira, mas também é influenciado pelo ímpeto de compra, pelo sentimento", afirmou Viviane. "O que está segurando esse indicador é mais o sentimento do que a situação financeira, mais cautela em relação ao ímpeto de comprar", completou a pesquisadora.
Na esteira das preocupação com a economia e com a inflação, os consumidores entrevistados na pesquisa da FGV passaram a "ter certeza" de que os juros vão subir, segundo Viviane. Na pesquisa de abril, 52,4% dos entrevistados disseram acreditar numa alta dos juros, contra 4,7% que creem em queda. Em maio do ano passado a situação era inversa, com 50,6% dizendo crer em baixa dos juros e 8,4%, em alta.
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