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Automóveis

Pesquisa mostra os carros mais difíceis para revender

A lista com os carros mais difíceis de revender | Arte/G1
A lista com os carros mais difíceis de revender (Foto: Arte/G1)

O sonho de qualquer dono de multimarcas é revender modelos que mal estacionam e já estão vendidos. Mas nem sempre é assim. Entre os 20 mil modelos negociados nas revendas, alguns fazem aniversário nas lojas à espera de um comprador que não aparece.

A Associação dos Revendedores de Veículos Automotores no Estado de São Paulo (Assovesp) tem uma medida de quais automóveis são campeões de baixa procura.

A pedido do G1, ela divulgou uma lista com os resultados de 2008. Eles foram obtidos por meio de uma pesquisa por amostragem levando em conta as 10.500 Revendas Independentes no Estado de São Paulo e o tamanho da frota circulante.

A associação faz uma pergunta direta ao lojista entrevistado, sem sugerir nomes ou marcas. Por este motivo, há respostas como o nome de um carro e outras mais genéricas, como "veículos importados".

Na lista ao lado, é possível identificar as dez respostas que apareceram com mais freqüência no questionário enviado aos lojistas quando indagados sobre quais são os carros menos procurados nas revendas. Confira:

Os carros importados ocupam o topo da lista da Assovesp. Depois deles, estão o Marea, da Fiat, os carros da marca Ford, os carros franceses e o Tempra, também da Fiat.

Os veículos que saíram de linha vêm logo a seguir. Depois deles, o Ford Fiesta, o Gol 1.0 16V, da Volkswagen, os carros da marca Peugeot e o Renault Scenic completam o ranking dos menos procurados.

E como o tempo em que o carro fica parado em uma loja de usados não está ligado diretamente a preços ou qualidade, mas também ao custo da manutenção, o G1 consultou a Oficina Brasil para comentar esses resultados. A Oficina Brasil é uma publicação voltada ao setor de reparação, que mede, anualmente, o Índice de Recomendação das Oficinas (RO). O último índice foi medido em 2007 por meio de uma pesquisa feita com dois mil mecânicos de todo o Brasil.

Importados

Para a Oficina Brasil, existem justificativas para que os veículos importados ocupem o topo da lista. "O importado é um ‘abacaxi’ quando apresenta uma engenharia muito complexa somada ao difícil acesso a peças e a informações técnicas", diz Cássio Hervé, diretor do Oficina Brasil.

Fora de linha

Os carros fora de linha também despontam na lista da associação por causa do risco de difícil manutenção. "Embora as montadoras sejam obrigadas por lei a manter as peças por, pelo menos, dez anos depois que o veículo sai de linha, nem sempre isso é respeitado", diz Hervé.

Entre os carros descontinuados, a Fiat tem dois de seus modelos em baixa: o Tempra, fabricado até 1998, e o Marea, produzido até o ano passado. O primeiro tem, segundo os mecânicos, motor avançado, mas de difícil reparo. Já o Tempra, que inovou com o primeiro motor 16V, sofre com problemas de suspensão causados pela fragilidade do projeto, de acordo com os reparadores. Em resposta, a Fiat, por meio de sua assessoria de imprensa, não quis comentar o desempenho dos sedãs descontinuados. "Na nossa opinião, o mais importante no segmento de usados é a aproximação com os reparadores. E hoje, nosso relacionamento melhorou muito para que eles conheçam melhor o nosso produto", afirmou a empresa.

Ainda de acordo com os mecânicos, falhas na durabilidade e na regulagem do motor também explicam o fato de o Gol 1.0 16V, da Volkswagen, comercializado entre 1997 e 2005, ocupar uma posição na lista da Assovesp. Prova disso é o fato do mesmo modelo com motor diferente - de 8V - estar entre os mais procurados nas lojas de usados. Entramos em contato com a Volks, mas a empresa decidiu não se pronunciar a respeito.

Carros da Ford

Ainda na lista de baixa procura da associação estão alguns carros da Ford. Segundo o índice RO, a montadora tem uma política conflituosa com as lojas de reparação e teria, segundo os mecânicos, restringido o acesso a informações técnicas apenas à rede de concessionárias.

"Isso é um grande erro, porque a opinião dos reparadores influencia fortemente na compra, já que 80% dos motoristas preferem fazer a manutenção do carro em uma oficina independente quando perdem a garantia de fábrica", diz Hervé.

Reinaldo Nascinbeni, supervisor de serviços técnicos da Ford, discorda: "Não é de interesse da montadora criar esse tipo de dificuldade. Os nossos modelos têm fácil reparação".

Entre os veículos da Ford, o Fiesta é o único que aparece na lista da Assovesp. Segundo os mecânicos, a explicação se deve à dificuldade de mexer no motor Endura, que foi substituído pelo Zetec Rocam, em 1999. Isso porque, segundo eles, o primeiro motor exigia retífica com pouco tempo de uso.

"Produzido na fábrica de Taubaté (SP), o motor Endura era bem tradicional e sem nenhum segredo técnico. No entanto, era necessária a troca da válvula, coisa que não acontece com o Zetec Rocam, um motor também de 8V, porém mais avançado", explica Nascinbeni. Carros franceses

Os carros franceses também são pouco procurados. O Renault Scènic, por exemplo, aparece na lista da Assovesp e é criticado pelos mecânicos por causa da suspensão e da fixação do motor. Entramos em contato com a Renault, mas a empresa não se pronunciou a respeito.

Enquanto isso, segundo a Assovesp, os modelos do grupo PSA Peugeot Citroën são aceitos, muitas vezes, apenas em consignação. Isso porque, de acordo com o índice RO medido pela Oficina Brasil, a montadora tem a mesma política da Ford quanto à difusão de informações técnicas. Além disso, Hervé destaca problemas relacionados à tropicalização, como foi percebido no caso do Xsara Picasso. Como as estradas brasileiras ainda estão muitos quilômetros atrás das europeias, os efeitos foram diretamente sentidos na suspensão, na fixação do motor e na caixa de câmbio dos modelos. "Hoje em dia, esses problemas foram contornados", reconhece Hervé. A Citroën discorda dos motivos que levam à baixa procura. "Desenvolvemos produtos completamente adaptados às condições de rodagem (incluindo combustível, solo e temperatura) e às necessidades dos consumidores brasileiros", diz a empresa.

"Além disso, o sistema de suspensão é desenvolvido para ser mais resistente às irregularidades do solo. Um exemplo é a suspensão dos Citroën C3, da minivan Xsara Picasso e do sedan C4 Pallas, modelos mais vendido da marca no Brasil. Todos apresentam uma suspensão mais firme do que às unidades europeias, utilizando amortecedores, molas e calibragens específicas. Para chegar a esse resultado, milhares de quilômetros são rodados em todo o país, simulando condições extremas (terra, asfalto, pedra, buracos, cascalho)", completa.

Já a Peugeot informa que, desde 2001, quando inaugurou sua planta de Porto Real (RJ), o Peugeot 206 HB e o SW passaram a ser produzidos lá. Em 2008, foi a vez da família 207 (HB, SW, SD). "Paralelamente, a Peugeot trabalhou no desenvolvimento de sua rede concessionária. Hoje, suas revendas cobrem 98% do mercado nacional em 150 pontos com atendimento especializado aos clientes", diz a empresa. Os queridinhos das multimarcas

Na contramão, alguns usados são tão concorridos que, antes mesmo de estacionar, já estão vendidos. Segundo a Assovesp, exemplo disso são os Chevrolet Captiva e Corsa e o Volkswagen Gol 1.0 8V, desde que não sejam brancos (cor comum nos táxis de São Paulo e em veículos de frota).

Mas apesar de citar alguns modelos, a Assovesp garante que hoje em dia, quem chega a uma revendedora não procura um carro pelo modelo, mas sim pela faixa de preço. Entre os veículos de entrada, os mais procurados custam, respectivamente, R$ 15 mil, R$ 20 mil ou R$ 18 mil. Fora esses, os carros de R$ 25 mil, R$ 38 mil e R$ 20 mil são, respectivamente, os que mais atraem o interesse dos compradores.

Já entre os importados, os mais negociados em 2008 no estado de São Paulo foram os utilitários esportivos ano 2007, como Cherokee Sport, Gran Cherokee, Hillux SW4, Nissan Pathfinder e Pajero Full, seguidos dos SUVs anos 2006 e 2008.

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