São Paulo – O desânimo em Wall Street ontem acabou por afetar também o mercado financeiro brasileiro. Pela manhã, a Bolsa de Nova Iorque chegou ao patamar mínimo de 12.049,92 pontos. No final da tarde, reduziu o ritmo de queda, mas a Bovespa não conseguiu acompanhar: fechou em baixa de 1,09%, aos 38.900 pontos, com giro de R$ 1,866 bilhão. O movimento abaixo da média das últimas sessões mostra a cautela dos investidores em uma semana encurtada pelo feriado de Finados, na quinta-feira.

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A queda de mais de 3% do petróleo ontem – o barril está perto dos US$ 58 – derrubou as ações da Petrobrás. Como elas estão entre as mais negociadas do pregão, isso também ajuda a explicar o recuo da Bolsa brasileira. Os papéis PN da petrolífera perderam 1,3%, a R$ 42,50, e os ordinários recuaram 1,86%, a R$ 46,80.

O dólar comercial subiu 0,6%, vendido a R$ 2,15, enquanto o risco-país teve alta de 0,93%, aos 217 pontos. O paralelo ficou estável a R$ 2,35 e o turismo também se manteve em R$ 2,25.

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Os rumos da economia dos Estados Unidos continuam no centro das atenções, ditando a tendência do mercado. Ontem saíram os dados sobre gastos do consumidor americano: eles cresceram 0,1% em setembro, a menor taxa desde novembro do ano passado, segundo o Departamento do Comércio. A renda subiu 0,5%.

Eleições

A reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente do Brasil foi bem recebida. "O mercado está sempre do lado de quem ganha", resumiu um operador de mercado que prefere não se identificar.

As pesquisas já indicavam que Lula venceria o pleito por larga margem. Mas, mesmo que tivesse havido uma mudança no cenário, em pouco isso afetaria o mercado, porque os dois candidatos que disputavam o segundo turno tinham propostas muito parecidas para a área econômica.

Pouco assustaram as declarações de ministros de que haverá uma redução da ortodoxia que marcou os primeiros quatro anos da gestão petista. Tarso Genro, das Relações Institucionais, afirmou que a "era Palocci" acabou. Guido Mantega, da Fazenda, disse que a política monetária será menos rigorosa.

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"Acho que essas coisas são ditas para acalmar os companheiros de partido. É claro que, se o controle fiscal for afrouxado, o mercado não vai gostar. Mas creio que isso é altamente improvável, eles não vão estragar tudo o que já construíram", pondera Expedito Araújo, operador da corretora Alpes. Vários analistas compartilharam dessa opinião, considerando ser muito pouco provável mudanças mais profundas na estrutura atual.

Agora, o mercado aguarda ansiosamente os nomes que farão parte da nova administração, como o ministro da Fazenda, o presidente do Banco Central e o secretário do Tesouro Nacional.

Para Araújo, se o clima interno continuar tranqüilo e a economia americana de fato desacelerar suavemente, com queda da inflação, a Bovespa tem condições para buscar os 42 mil pontos até o final do ano.