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Figuras históricas do Partido dos Trabalhadores, o ministro da Secretaria de Comunicação Social do Palácio do Planalto, Paulo Pimenta (PT-RS), e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, atacaram fortemente neste domingo (21), por meio de suas redes socais, os veículos jornalísticos por atuarem contra a "soberania do país" com "entreguismo e subserviência a interesses estrangeiros".
A reação se deve à volta ao noticiário da série de escândalos da Lava Jato, operação que investigou no passado recente casos de corrupção nos governos petistas em empresas estatais, em especial a Petrobras. O assunto veio à tona após a retomada de obras na refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, ícone de superfaturamento e desvio de recursos revelado pela Lava Jato. Os jornais também fizeram editorias relembrando a corrupção e criticando a política contra as privatizações do governo.
O primeiro post, publicado no X (antigo Twitter), foi de Pimenta, sugerindo a antiga tese petista de conluio entre a mídia e setores da economia contrários ao desenvolvimento do país e à soberania “na área de petróleo e gás”. O objetivo da imprensa também seria " blindar o fracasso das privatizações”.
“Dois fatos chamam atenção pela sincronia e articulação da grande mídia corporativa: 1) um discurso contra qualquer tentativa soberana do Brasil retomar o controle de sua política energética em especial na área de petróleo e gás. 2) um tentativa de blindar o fracasso das privatizações como medidas ‘modernas e eficientes’ para garantir gestão, investimentos e qualidade no atendimento dos usuários dos serviços das companhias de energia elétrica”, postou o ministro no X.
Horas depois, Hoffmann endossou as críticas de Pimenta, acusando os jornais Folha de S. Paulo, O Globo e O Estado de S. Paulo de terem em comum uma “longa trajetória de entreguismo e subserviência a interesses estrangeiros”. Todos, segundo a presidente do PT, tem atuado de maneira combinada ao longo da história recente, em vários momentos.
Os veículos, escreveu Gleisi, “defenderam” e “aplaudiram” as privatizações da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), da Vale, da BR Distribuidora (agora Vibra Energia) e da Eletrobras. Também “festejaram a dolarização dos preços de combustíveis e a redução a Petrobras a mera exploradora de petróleo”.
A deputada afirmou ainda que os jornais apoiaram o "golpe" contra a presidente Dilma Roussef e foram “cúmplices” de Sergio Moro (União Brasil-PR), “que destruiu a indústria brasileira de engenharia, óleo e gás”.
Veja a publicação.
Lula já havia dado o tom da narrativa petista
Na última quinta-feira (18), durante a cerimônia promovida pela Petrobras para a retomada de investimentos na Rnest (Refinaria Abreu e Lima) em Ipojuca (PE), o presidente Luiz Inácio da Silva tinha dado o tom do discurso, afirmando que a estatal está recuperando sua “identidade como empresa de todos os brasileiros e brasileiras”.
Lula aproveitou a ocasião para dar sua narrativa do que teria sido a Lava Jato: “Tudo o que aconteceu nesse país foi uma mancomunação entre alguns juízes desse país e alguns procuradores desse país subordinados ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que nunca aceitaram o Brasil ter uma empresa como a Petrobras”, afirmou o chefe do Executivo no evento.
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Por conta das falas de Lula, o acordo entre a Petrobras e juízes e procuradores com o Departamento de Justiça dos EUA, firmado em 2018, foi republicado. No documento, a estatal reconhece todos os malfeitos cometidos, assume culpa pelo que se passou. Para que as investigações fossem encerradas, a empresa brasileira aceitou pagar US$ 853,2 milhões (cerca de R$ 4,2 bilhões em valores de janeiro de 2024).