“Se o preço do petróleo subir, a gente tem de reagir a este evento, que é o aumento do preço da commodity, sim. Se sobe, sobe; se desce, desce”, disse o presidente da Petrobras, Pedro Parente, em entrevista ao jornal O Globo no fim de dezembro. Diante da atual política da estatal de revisão mensal dos preços dos combustíveis, especialistas alertam que pode-se esperar para breve novo reajuste. E defendem que a empresa deveria fazer as revisões de preços a cada dois ou três meses.
De acordo com Flávio Conde, da Whatscall Consultoria, de 6 de dezembro de 2016 - quando ocorreu o último aumento dos combustíveis - até a última terça-feira (3), o preço do petróleo brent aumentou 17% em reais, passando de R$ 154,30 o barril para R$ 177,64. Em dólar, o valor pulou de US$ 44,50 para US$ 54,16. Já na costa do Golfo dos Estados Unidos, o preço da gasolina aumentou cerca de 12% e o do diesel, 7%.
Para Conde, a manutenção do preço do petróleo em torno de US$ 60 o barril vai depender que pelo menos metade da meta de redução da produção proposta pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) seja atingida. “Vai ser uma prova de fogo para o presidente da Petrobras manter a política de revisão mensal. Por conta do momento difícil e do efeito cascata na economia que cada aumento provoca.”
Periodicidade maior
O executivo disse que, por todos os efeitos na economia, a revisão dos preços dos combustíveis deveria ser trimestral. “A economia brasileira, diferentemente do que ocorre nos Estados Unidos, onde os preços variam diariamente, é indexada. E lá os preços da energia não afetam a inflação”, destacou Conde.
O economista-chefe da RC Consultores, Marcel Caparoz, também defende que a revisão dos preços dos combustíveis pela Petrobras deveria ter uma periodicidade maior, como a cada dois meses. “O petróleo e o câmbio são muito voláteis, então é mais justo realmente como a Petrobras está fazendo agora. Mas gera uma instabilidade a mais no mercado, no dia a dia das empresas, como as de frete e de ônibus. Isso provoca muita instabilidade no planejamento .”
Volatilidade nos preços
O economista também ressaltou que a economia brasileira é muito diferente da americana para que os combustíveis tenham tanta volatilidade de preço. Segundo Caparoz, a Petrobras opera no mercado brasileiro quase como um oligopólio, o que faz com que seus preços tenham forte impacto na economia como um todo. Em sua opinião, se a companhia mantiver sua política atual, a alta da cotação do petróleo no mercado internacional vai pressionar a Petrobras a fazer novos reajustes de preços.
Segundo levantamento da RC Consultores, a cotação do petróleo WTI também aumentou 7,9% desde o último reajuste de preços até ontem. Caparoz alerta que o comportamento do petróleo é imprevisível. Isto porque, se de um lado a Opep conseguir reduzir a produção e elevar os preços do produto, de outro pode estimular o aumento da produção do óleo e gás não convencionais nos Estados Unidos.
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