A Petrobras anunciou na manhã desta sexta-feira (14) que vai baixar o preço dos combustíveis para as distribuidoras a partir deste sábado (15). Em fato relevante, a estatal diz que o preço do diesel vai cair 2,7% e o da gasolina, 3,2%.
A decisão foi tomada na primeira reunião do Grupo Executivo de Mercado e Preços, composto por membros da diretoria da estatal. O grupo se reunirá uma vez por mês para avaliar as condições do mercado e rever os preços praticados pela Petrobras. Com isso, os valores terão mais oscilações do que se via até então.
A Petrobras estima que, se a queda de preços concedida nas refinarias for integralmente repassada para o consumidor, a gasolina poderá ficar 1,4% mais barata para o consumidor final, nos postos de revenda. Isso significaria uma retração de R$ 0,05 por litro. A queda projetada para o óleo diesel é de 1,8%, ou R$ 0,05 por litro.
O repasse dessa queda de preço, no entanto, depende de decisões das distribuidoras e postos de revenda, já que o mercado não é controlado. A Petrobras ressalta que não tem como controlar o preço ao consumidor e que essa é apenas uma projeção.
O Sindicombustíveis-PR, que representa os postos do estado, afirmou que a redução de preços é positiva e “já deveria ter sido tomada antes, diante da flutuação para baixo dos preços do barril no mercado internacional”. “Preços menores são benéficos tanto para os consumidores como para os revendedores”, afirmou o sindicato, em nota.
A entidade alertou, no entanto, que os postos representam a última etapa na cadeia de comercialização, e que “cabe ainda aguardar como as distribuidoras [que compram da refinaria e revendem aos postos] vão operar dentro da nova política”.
“É importante salientar ainda que a redução do preço é na gasolina A, e não inclui a carga de impostos nem o etanol anidro, que chega a 27% na mistura. Deste modo, não há no momento como fazer uma previsão técnica de quando a redução terá reflexos nos preços de mercado, bem como quais serão os valores”, informou o sindicato.
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O diretor de Refino e Gás Natural da Petrobras, Jorge Celestino, afirmou que a nova política de preços de combustíveis da estatal terá como referência o mercado internacional. “Quem faz preço é o mercado, essa é a lógica da nossa política. Ele ressaltou as características da comercialização de commodities, argumentando a necessidade de a Petrobras acompanhar os preços internacionais.
“Margem está ligada aos preços de importação, riscos e tributos. “Essa é a forma como a gente vai precificar”, afirmou, em entrevista coletiva à imprensa para explicar a nova política.
O executivo disse que a “aderência ao mercado internacional” será de curto prazo e que isso ajudará a atrair investidores para o segmento de abastecimento. Segundo ele, antes, havia convergência aos preços internacionais, no médio e longo prazos e os reajustes não tinham periodicidade definidas. Agora, a ideia é promover reajustes em períodos mais curtos e, a cada 60 dias, um relatório será divulgado com análises das mudanças de preços.
Além disso, Celestino disse que a “financiabilidade” da Petrobras e a concorrência serão considerados na definição de preços.
“Pode-se esperar um número maior de reajustes”, afirmou o presidente da Petrobras, Pedro Parente, no sentido de mudanças de preços.
A Petrobras poderá promover descontos especiais, regionalmente, para estimular vendas, como destacou Celestino, ao que Parente completou: “Mas os preços nunca serão inferiores aos do mercado internacional”.
Motivações
As motivações para a revisão dos preços dos combustíveis foram empresariais, reforçou o presidente da estatal, Pedro Parente, que afastou qualquer interferência política na decisão. Ele disse ter informado ao presidente da República, Michel Temer, que uma política de preços estava sendo elaborada, mas que não foi indicado ao governo se os preços deveriam cair ou aumentar e em quanto.
“Não entendo que possa ser visto que tenha outro objetivo (a queda dos preços anunciada nesta sexta) que não os interesses da empresa. A confiança (do mercado) virá com a prática consistente, ao longo do tempo”, afirmou o presidente da estatal.
O diretor Financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, afirmou que a redução dos preços dos combustíveis, anunciada nesta sexta, já estava prevista quando a empresa elaborou o plano de investimento para o período de 2017 a 2021. Por isso, todos os investimentos foram projetados considerando uma queda de receita na comercialização, que seria compensada por ganhos em participação de mercado, já que a empresa sofre hoje a concorrência de importadores, e também por ganhos com o aumento da utilização da capacidade das refinarias e da infraestrutura logística.
Por fim, a receita total da empresa deve subir, segundo a explicação da diretoria. A meta de alavancagem de até 2,5 vezes em 2018 está mantida, destacou Monteiro.
Fazenda
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta sexta-feira que a decisão da Petrobras de reduzir os preços da gasolina e do diesel é favorável do ponto de vista da inflação. Ele elogiou ainda o fato de a estatal ter autonomia para fixar esses valores sem influência do Executivo.
“É uma grande mudança que os preços de gasolina e do diesel deixaram de ser definidos pelo Executivo tendo em vista outros objetivo de política econômica. O importante é que agora a Petrobras fixa seus preços”, disse ele, alfinetando a gestão da Petrobras no governo da ex-presidente Dilma Rousseff, quando o Palácio do Planalto intervinha na fixação dos preços da estatal.
“Neste caso, a decisão (da Petrobras) é favorável do ponto de vista da inflação”, disse Meirelles.
O ministro afirmou ainda que a atual política de gestão da Petrobras respeita a realidade do país e seus acionistas: “Uma das características mais importantes dessa política econômica é respeitar a realidade. Ela tem que seguir a política de uma empresa que tem responsabilidade com seus acionistas e com o país no sentido de ser viável e de cumprir suas obrigações”.
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