A Petrobras aprovou dois projetos petroquímicos e uma refinaria mesmo sabendo que teria prejuízo com os investimentos. A informação foi publicada no jornal Valor Econômico com base em documentos sigilosos da estatal.
Segundo o jornal, os documentos apontam que os três projetos, orçados em US$ 26 bilhões, tinham um valor negativo de US$ 3,4 bilhões quando foram aprovados. Isso significa que toda a receita gerada ao longo da vida útil dos empreendimentos não será suficiente para recuperar o investimento.
A conta refere-se à Refinaria Abreu e Lima, à Petroquímica Suape (ambas em Pernambuco e já em operação parcial) e ao Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), cujas obras foram suspensas após a descoberta do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.
Os três projetos foram elaborados pela área de Abastecimento da Petrobras, comandada pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa, delator da Lava Jato hoje em prisão domiciliar. A aprovação de investimentos, porém, é normalmente feita pela diretoria executiva da estatal, com votos de todos os diretores.
O lucro ou prejuízo de um projeto é calculado com um indicador chamado valor presente líquido (VPL), que considera, de um lado, investimentos e custos operacionais e, do outro, a expectativa de receita com a venda da produção.
O valor dos investimentos nos três projetos explodiu após sua aprovação e chegou a US$ 46 bilhões no final de 2014, diz o jornal, o que elevou também a estimativa de perdas. No caso do Comperj, o VPL chegou a US$ 14,5 bilhões negativos. No caso da refinaria, foi a US$ 19,9 bilhões.
Os projetos tiveram contribuição relevante nas elevadas baixas contábeis realizadas pela Petrobras em seu balanço de 2014. Naquele ano, a estatal reduziu o valor de seus ativos em R$ 44,6 bilhões, com grande concentração na área de abastecimento.
O projeto do Comperj contribuiu com R$ 21,8 bilhões; a refinaria de Pernambuco, com R$ 9,1 bilhões; e a Petroquímica Suape, com R$ 3 bilhões.
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