A Petrobras assinou esta semana com a japonesa Marubeni o quinto pré-contrato para fornecimento de Gás Natural Liquefeito (GNL), combustível que será utilizado nas usinas termelétricas do país a partir do ano que vem, informou à Reuters a área de Gás e Energia da estatal.
A entrada do GNL na matriz energética brasileira visa reforçar a geração de energia do país, evitando assim que o gás natural adquirido da Bolívia seja desviado para as termelétricas em detrimento das distribuidoras, como ocorreu no final de outubro, o que desestabilizou o mercado de gás veicular no Estado do Rio de Janeiro.
Segundo a Petrobras, os dois primeiros acordos para compra de GNL foram firmados no primeiro semestre com a Nigeria LNG (NLNG) e com a Sonatrach, empresa estatal da Argélia. O terceiro contrato foi assinado com a francesa Total e o quarto com a franco-belga Suez Global LNG, no início de novembro.
A empresa recebeu esta semana a Licença de Instalação (LI) para iniciar a construção do terminal que receberá navios de GNL na baía de Guanabara. A obras começam ainda este ano, segundo a estatal. Outro terminal, também já com licença de instalação, ficará em Pecém, no Ceará.
"Os terminais de Pecém e da baía de Guanabara devem estar concluídos em maio de 2008", afirmou a estatal por e-mail.
O primeiro navio contratado para regaseificar GNL, o Golar Spirit, com capacidade para até 7 milhões de metros cúbicos diários, chega em maio ao Brasil. O segundo navio, Golar Winter, chegará ao país em maio de 2009.
Juntas, as duas embarcações totalizam uma capacidade de regaseificação de até 21 milhões de metros cúbicos/dia.
A aquisição de GNL pela Petrobras foi a alternativa encontrada pelo governo brasileiro para substituir um frustrado plano de dobrar o volume de gás natural adquirido da Bolívia, depois que o presidente Evo Morales nacionalizou as reservas de hidrocarbonetos em maio do ano passado.
GÁS NACIONAL
No seu plano estratégico, a Petrobras prevê aumentar a produção de gás natural nacional de cerca de 40 milhões de metros cúbicos diários hoje para 70 milhões até 2012.
Segundo a estatal, o aumento da produção de gás nos últimos quatro anos foi de aproximadamente 5 milhões de metros cúbicos por dia, dos quais 2,6 milhões foram disponibilizados ao mercado.
O restante foi utilizado pela empresa para aumentar a produção de petróleo com a reinjeção do gás nos poços. "Cabe destacar também que parte da produção de óleo e de gás é destinada à reposição do declínio de produção dos campos já em operação, uma vez que se trata de atividade extrativista", explicou.
Vários projetos que entrariam em operação em 2007 tiveram atraso, admitiu a empresa, seja pelo aquecimento da indústria, que dificulta a compra de equipamentos, ou pela demora de concessão de licenças ambientais para os projetos.
"Em Manati houve atraso, mas o projeto está em pleno funcionamento, o mesmo ocorrendo com Peroá", informou a estatal, referindo-se aos campos localizados nas bacias de Camamu-Almada (BA) e Espírito Santo, respectivamente.
"A P-50, no campo de Albacora Leste (bacia de Campos), apresentou problemas operacionais ligados ao sistema de geração de energia, cuja causa já foi identificada e está em fase final de correção", informou a companhia, ressaltando que tanto a produtividade da P-50 como do campo de Manati estão agora superando as expectativas.
Outros atrasos, como a entrada em operação das plataformas P-52 e P-54, no campo de Roncador, na bacia de Campos, e da paltaforma Cidade Vitória, no campo de Golfinho, jogaram para 2008 a produção prevista para este ano.
Segundo a Petrobras, P-52 e P-54 estarão produzindo em 2008 uma média de 3,3 milhões metros cúbicos de gás natural, e a previsão é que o campo de Roncador como um todo produza cerca de 4,3 milhões de metros cúbicos diários. Em 2008, a média de produção diária de gás do campo de Golfinho, no Espírito Santo, será de 703 mil metros cúbicos.
Para acelerar os projetos de gás e energia, a estatal vai investir nos próximos cinco anos 6,7 bilhões de dólares na área -de um total de 112,4 bilhões de dólares-, cinco vezes o desembolsado para a área entre 2003 e 2006.