A Petrobrás declarou ontem sua auto-suficiência na produção de petróleo, com a finalização da plataforma P-50, na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro. As operações devem se iniciar em abril, elevando o volume produzido para até 2 milhões de barris por dia, sendo que o consumo nacional é de 1,8 milhão de barris/dia. Em fevereiro, a estatal produziu 1,75 milhão de barris/dia. A informação, que será formalizada nos próximos dias, é do gerente executivo do refino/abastecimento da estatal, Alan Kardec. "Nas paralisações obrigatórias o abastecimento era reduzido, mas agora somos auto-suficientes", diz.

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Não será o fim das importações de petróleo, mas o volume comprado de outros países agora será compensado pela produção exportada, de acordo com o Centro Brasileiro de Infra-estrutura. "A grande notícia é que o petróleo passa a ser um produto que apenas beneficia a balança comercial, além da blindagem em momentos de crise internacional", analisa o diretor da instituição, Adriano Pires.

O anúncio da auto-suficiência foi acompanhado pelo ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo Silva, em visita à refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária – região metropolitana de Curitiba – durante o 2.° Fórum de Gestores Federais do Paraná. Questionado sobre a relação entre o novo status e queda de preços dos combustíveis na bomba, o ministro lembrou a instabilidade sazonal do álcool, que também compõe o preço da gasolina, mas afirmou que "a auto-suficiência vai trazer novos investimentos e com isso deve haver melhora de preços".

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Ampliação

Para a Repar, sétima maior refinaria do mundo em volume de produção, a boa notícia dá gás a seu plano de curto prazo: subir para a sexta posição. A conquista da auto-suficiência vem logo após a divulgação de lucro recorde de R$ 23,7 bilhões em 2005 e está em sintonia com os planos de expansão da Petrobrás programados até 2011 em todo o país, no valor total de US$ 56 bilhões. Destes, US$ 1,45 bilhão vem para a Repar (R$ 120,4 bilhões e R$ 3,1 bilhões, respectivamente, com o dólar a R$ 2,15).

Hoje a refinaria paranaense contribui com 12% da produção nacional (com 30 mil m3/dia). A proporção deve aumentar pouco com os novos investimentos. A grande expectativa é com relação ao aumento de qualidade dos combustíveis até 2009, com a redução do teor de enxofre da gasolina e do diesel para 50 ppm (partes por milhão), que hoje é de 1 mil e de 2 mil ppm, respectivamente. Para isso, um novo complexo de gasolina será construído.

No total, serão 19 novas unidades. "É como se fosse uma nova refinaria, pois a área de instalações vai dobrar", analisa o gerente geral da Repar, João Adolfo Oderich. Com a ampliação, a usina passará a ocupar 40% do terreno em que está instalada, que mede 10 quilômetros quadrados.

Até o fim de 2006 as obras de ampliação já estarão em andamento, e a capacidade já será ampliada no ano que vem. Metade dos recursos deve ir para a construção do Complexo de Coque e Diesel, cujo terreno já está sendo preparado, com licença ambiental de instalação prevista para o fim de junho. O coque é um subproduto usado na produção de energia e cimento.

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As outras unidades produzirão diesel, gás de cozinha, propeno (utilizado na fabricação de acessórios para automóveis, embalagens e utilidades domésticas) e hexano (serve à extração de óleos vegetais).

Os benefícios diretos para o Paraná são a perspectiva de criação de 17 mil postos de trabalho temporários até 2011 e o recolhimento de mais impostos, que hoje já representam 20% do ICMS arrecadado no estado.

"Vamos ampliar o quadro funcional fixo, hoje com 600 pessoas, em cerca de 30%", garante Oderich. Este mês 237 pessoas iniciam treinamento, cuja qualificação a Petrobrás pretende potencializar com o lançamento no dia 27 de março do Programa de Mobilização da Indústria de Petróleo e Gás Natural no Paraná (Prominp), que tem como objetivo garantir que a mão-de-obra local esteja apta para as necessidades de ampliação da planta.