O Conselho de Administração da Petrobrás vai reajustar o preço da gasolina nas refinarias em 4% a partir de hoje. A medida visa aliviar a defasagem de quase 15% entre o preço cobrado internamente pela companhia e o quanto ela paga para importar o combustível. A empresa também vai aumentar o preço do diesel em 8% para as distribuidoras.
Em comunicado feito ao mercado, a companhia justificou que a alta é necessária para assegurar que os indicadores de endividamento e alavancagem retornem aos limites estabelecidos no atual plano de gestão da Petrobras em até 24 meses, considerando o crescimento da produção de petróleo e a aplicação desta política de preços de diesel e gasolina. A companhia também explica que, com os novos preços, pretende alcançar estabelecer uma paridade entre os preços praticados dentro e fora do país, além de minimizar os impactos da volatilidade do câmbio.
Está é a segunda alta no preço tabelado dos combustíveis no ano. Em janeiro, o reajuste foi de 6,6% na gasolina e 5,4% no diesel na época, o aumento também não foi suficiente para desafogar a companhia do descolamento dos preços internos, que já estavam mais de 13% defasados em relação ao mercado internacional.
A recomendação do governo federal, sócio majoritário da Petrobras, era de fazer um reajuste abaixo do IPCA, para não disparar o índice oficial da inflação no final do ano. No entanto, a alta não é suficiente para aliviar o caixa da empresa a curto prazo. De acordo com o economista Silvano Correia, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a empresa foi castigada nos últimos dez anos por uma série de medidas populistas e a alta é insuficiente. "O congelamento do preço dos combustíveis tornou o preço interno muito defasado, apesar de alto para o consumidor. Infelizmente novas altas serão necessárias para que as metas estipuladas sejam alcançadas", explica.
Nos postos
Em Curitiba, o reajuste deve ser repassado na integra, e o preço cobrado na bomba deve beirar os R$ 3. "Todo mundo trabalha com limites muito apertados. O novo lote chegará reajustado para nós e não há margem para segurar o preço", explica Aderaldo Messias, proprietário de três postos. Atualmente, de acordo com a pesquisa de preços da Agência Nacional de Petróleo, a margem de lucro média por litro de gasolina é de 44 centavos, ou 15% do valor cobrado ao consumidor. De acordo com empresários do setor, uma margem saudável para bancar impostos e despesas com pessoal deve estar acima dos 20% por litro vendido, o que impede qualquer absorção do reajuste.