Rio A Petrobrás confirmou ontem a descoberta de óleo leve na bacia de Santos, abaixo de uma camada de sal de 2 mil metros de espessura. A empresa já havia comunicado a existência de indícios de petróleo na região em julho, mas a constatação da existência de uma quantidade "significativa" ocorreu a partir dos resultados de um teste no poço 1-RJS-628A.
A descoberta é considerada uma conquista tecnológica para a empresa, já que está em uma região de difícil acesso. Alguns geólogos consideram, inclusive, que pode haver grandes quantidades de petróleo abaixo da camada de sal também na Bacia de Campos.
Segundo a companhia, o óleo descoberto tem 30º API (quanto mais perto de 50º, melhor a qualidade do óleo). Os testes foram feitos em um poço vertical, que propiciou o escoamento de 4,9 mil barris de petróleo e 150 mil metros cúbicos de gás natural por dia, em abertura de 5/8 de polegada.
O bloco onde houve a descoberta é operado pela Petrobrás (65%), em consórcio com a BG (25%) e a Petrogal (10%).
A empresa também informou que precisará fazer investimentos adicionais com a perfuração do primeiro poço de extensão, para a avaliação completa do volume de óleo do reservatório encontrado.
O presidente da Associação Brasileira de Geólogos de Petróleo (ABGP), Márcio Rocha, afirmou que, para uma reserva de petróleo ser comercialmente viável abaixo da camada do sal, precisa ter, no mínimo, 700 milhões de barris no total.
Mas, segundo ele, o fato de a Petrobrás ter confirmado "quantidades significativas" na Bacia de Santos, abre um novo horizonte de exploração no Brasil.
A Petrobrás tinha muito medo, sob o ponto de vista tecnológico, de se aventurar abaixo da camada de sal porque uma perfuração deste tipo é muito cara. "Um poço normal custa em torno de US$ 35 milhões. Abaixo da camada de sal custa de US$ 100 milhões a US$ 110 milhões, mas vale a pena porque o prêmio será muito maior".
Para o geólogo, outro empecilho tecnológico era a visualização de dados sísmicos perto das rochas geradoras na camada pré-sal, o que já está sendo solucionado. No Brasil, os campos de Badejo e Linguado, na Bacia de Campos, já produzem em camadas pré-sal, mas em águas rasas.
A Petrobrás, algum tempo atrás, achava que as rochas geradoras abaixo do sal estavam muito compactadas, sem permeabilidade. "Com essa confirmação em Santos fica provado que a camada de sal age como amortecedora tanto para a compactação quanto para a temperatura".
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