Acidente com plataforma reflete deficiências de fiscalização do setor, diz FUP
O coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel, diz que o acidente com o navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus, no Espírito Santo, nesta quarta-feira (11), reflete as deficiências da fiscalização dessas unidades de produção de petróleo pelos órgãos governamentais: a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o Ministério do Trabalho e a Marinha.
"A atividade de exploração de petróleo cresceu de forma muito rápida no país e esses órgãos não se prepararam para isso. Não há auditores suficientes para acompanhar essas plataformas", diz Rangel.
No caso de uma plataforma operada por um terceiro, nesse caso a empresa BW Offshore, a Petrobras tem a obrigação de ter um fiscal da área de saúde e segurança no local, mas em geral a tripulação costuma ser em sua maior parte terceirizada, explica Rangel.
O Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro-ES) condena essa prática, por considerar que ela precariza o trabalho e aumenta os riscos de acidentes.
Segundo o coordenador da FUP, a plataforma Cidade de São Mateus foi construída em 1988 e começou a operar para a Petrobras neste local em 2009.
A FUP defende que as operadoras de petróleo rateiem os custos de criação de um sistema de busca e salvamento, não deixando esse aparelhamento a cargo apenas do setor público.
A Petrobras confirmou que a explosão nesta quarta-feira (11) a bordo do navio-plataforma Cidade de São Mateus, no litoral do Espírito Santo, deixou três trabalhadores mortos. Outros dez ficaram feridos e foram transferidos por helicóptero para atendimento médico em Vitória. Seis pessoas permanecem desaparecidas.
Em nota, a estatal informou que 74 trabalhadores estavam embarcados na hora do acidente, por volta das 12h50 desta quarta-feira. O navio-plataforma, operado pela empresa BW Offshore e afretado pela Petrobras, opera no pós-sal dos campos de Camarupim e Camarupim Norte, a cerca de 120 km da costa do Espírito Santo, desde junho de 2009.
O comunicado diz que a BW está prestando assistência aos funcionários e familiares, com apoio da estatal. A Petrobras notificou oficialmente a Marinha e a Agência Nacional de Petróleo Gás Natural e Biocombustiveis (ANP) sobre o ocorrido.
Segundo a estatal, as operações da plataforma foram interrompidas. A produção da unidade era de cerca de 2,2 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural.
A concessão de Camarupim é operada pela Petrobras (100%) e a de Camarupim Norte é uma parceria entre a estatal (65%) e a empresa Ouro Preto Energia (35%).
ANP
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) selecionou duas equipes para investigar as causas da explosão na casa de bombas da plataforma Cidade de São Mateus, instalada na Bacia do Espírito Santo. A agência foi informada do acidente uma hora após a ocorrência.
Das duas equipes que participam das investigações, uma irá para a sala de crise da Petrobras, no Rio de Janeiro. A outra embarcará na plataforma no Espírito Santo.
Em comunicado, a agência informou ainda que 31 pessoas permanecem a bordo e 33 foram desembarcadas. Os desaparecidos estão contabilizados no grupo dos que permanecem a bordo.
Segundo a agência, a plataforma recebeu declaração de conformidade da Marinha em 2015 e a ANP fez uma atualização de documentação marítima em setembro de 2014.
BW
A BW Offshore, empresa que aluga para a Petrobras o navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus, é a segunda maior contratante do mundo de serviços de produção ao mar para a indústria de petróleo e gás, de acordo com informações do site da companhia.
A companhia possui 14 FPSO (plataformas flutuantes de produção, armazenamento e transferência) e uma FSO (flutuação, armazenamento e transferência.) No Brasil, aluga três FPSOs, sendo duas para a Petrobras e uma para a BP.
A FPSO Cidade de São Mateus foi entregue para a Petrobras em 2009, com previsão do contrato até 2018. A unidade tem capacidade de armazenar até 700 mil barris de petróleo.
Além desse navio, a estatal aluga o navio-plataforma FPSO Cidade de São Vicente, no campo de Lula. No campo Polvo, está em operação pela BP a terceira FPSO da empresa.
A BW Offshore atua na Europa, Ásia, África Ocidental e na América do Sul e do Norte (México). A empresa está listada na Bolsa de Valores de Oslo.
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