Um aumento do porcentual de etanol misturado à gasolina seria "muito importante" para oferecer uma solução econômica à manutenção de preço dos combustíveis, afirmou ontem a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster.
No entanto, eventual aumento de etanol na fórmula deve ser feito de forma sustentável, de forma a garantir que toda a demanda nacional seja atendida. "[Um aumento do etanol na mistura] seria muito bom, mas é preciso confirmar que esse etanol esteja disponível para atender à demanda em todo o território nacional", afirmou Graça após participar de evento organizado pela ONU Mulheres em paralelo à Rio+20 no Riocentro.
Reforçando que uma decisão sobre o tema cabe ao governo federal e ao Ministério das Minas e Energia (MME), a executiva disse entender "que o MME esteja fazendo estudos nesse sentido". Segundo Graça, uma elevação da mistura de etanol na gasolina para mais de 20% seria "realmente importante para que a gente tenha uma solução econômica mais adequada a quem tanto investe, como a Petrobras".
Prejuízos
A estatal tem sofrido prejuízos com o congelamento dos preços da gasolina, que não acompanham a alta do petróleo no exterior. Adicionar mais álcool (que é mais barato) à gasolina reduziria o rombo.
"Agora, o que também é muito importante é que um retorno do etanol para algum porcentual acima de 20% seja sustentável. Que esse etanol esteja disponível para atender a todos os consumidores", completou Graça, ressalvando que a questão da elevação da participação do etanol na mistura da gasolina não está considerada no Plano de Negócios 2012-2016, aprovado pelo conselho de administração da companhia na semana passada.
Oferta
Embora tenha reforçado a importância de haver oferta suficiente de etanol, a presidente da Petrobrás destacou que o setor sucroalcooleiro tem sinalizado positivamente sobre sua capacidade de atender a um crescimento da demanda. "Tenho ouvido, de usineiros de renome, em algumas reuniões, que eles estariam prontos a voltar com a participação maior do etanol. Mas essa é uma decisão do MME, do governo federal", afirmou Graça.
O governo reduziu a proporção da mistura de álcool anidro na gasolina no segundo semestre do ano passado por falta de oferta do biocombustível. No entanto, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) manifestou recentemente que já há oferta no mercado para voltar ao porcentual de 25% de etanol anidro na mistura.
Plano de negócios
A executiva não confirmou a informação de que o plano de negócios 2012-2016, aprovado pelo conselho de administração da companhia, trará a recomendação de reajuste de 15% nos combustíveis. "As recomendações que são feitas em vários segmentos do plano são reveladas na hora em que a gente abre o plano", afirmou.
A presidente da Petrobras tampouco detalhou como o reajuste dos combustíveis poderia ser feito. Mas comentou que novas reduções na Cide não dependeriam da empresa. "Mexer na Cide é uma decisão do Ministério da Fazenda. A Petrobras não tem ingerência sobre isso", disse a executiva.