A Petrobras afirmou que não planeja mais um investimento em um projeto de gás na Venezuela que, segundo analistas, foi suspenso devido a desentendimento sobre o uso do gás.
- Estamos fora do projeto de Mariscal Sucre - disse o presidente-executivo da Petrobras, José Sergio Gabrielli, à Reuters, em entrevista nesta terça-feira.
O projeto de Mariscal Sucre, na Venezuela, seria a origem do pretendido gasoduto do Sul, um rede de 5mil km de distribuição de gás e custo estimado em US$ 20 bilhões, que ligaria o país ao Brasil, via região amazônica. A Petróleos de Venezuela SA (PDVSA) e a Petrobras estudaram planos de enviar 50% da produção do campo, de 34 milhões de metros cúbicos ao dia, para o Brasil.
- Nossa avaliação acerca de Mariscal mostrou que ele não é atraente para nós.
Gabrielli não quis dar mais detalhes. Analistas apontam que a Venezuela tinha intenção de usar o gás dos campos para abastecer o mercado local, enquanto a Petrobras preferia liquefazer o gás para se lançar no lucrativo mercado internacional.
O presidente-executivo da Petrobras acrescentou que, apesar de algumas recentes reduções no fornecimento de gás para o mercado brasileiro, não há escassez.
- Essa crise é falsa - pontuou, afirmando ainda que os consumidores industriais podem escolher ter contratos que garantam abastecimento ininterrupto de gás, mas que muitos não estavam dispostos a pagar o custo adicional pela garantia.
Antes da Petrobras, outras companhias de petróleo já tinham se interessado e depois desisitram de investir no Mariscal Sucre. A Exxon Mobil Corp. já teve uma participação no campo. A Royal Dutch Shell Plc, a Mitsubishi Corp e Shell também planejaram investir na região, mas os projetos não avançaram.
Os investimentos da Petrobras na Venezuela começaram a ser planejados em janeiro destea no, quando os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil) e Hugo Chávez (Venezuela) assinaram uma carta de intenções para o desenvolvimento de projetos conjuntos na área de óleo e gás.
O acordo foi feito logo após o governo Chávez ter anunciado a rescisão de contratos com empresas privadas que tinham investimentos no país, promovendo uma onda de nacionalização no país.