Com cinco meses de atraso, a Petrobras vai divulgar o seu balanço financeiro de 2014 auditado pela PricewaterhouseCoopers (PwC) na quarta-feira da semana que vem, dia 22. No mesmo dia, os números serão analisados pelo conselho de administração da empresa. “A companhia espera divulgar essas demonstrações contábeis ao mercado após a decisão do conselho”, informou a estatal, em fato relevante enviado ao mercado.
A reunião do conselho, na verdade, estava marcada para acontecer na sexta-feira, dia 17, mas foi adiada por mais quatro dias exatamente para que o resultado financeiro auditado do ano passado pudesse ser incluído na pauta das discussões. Ao divulgar o balanço, a Petrobras conseguirá evitar o pagamento antecipado de dívidas. Por contrato, a empresa tem até o dia 30 deste mês para evitar que credores exijam a liquidação de financiamentos por falta de balanço auditado.
Além disso, a publicação do resultado ajudará a companhia a retomar a credibilidade dos investidores e pode evitar que as agências de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) e Fitch cassem o selo de boa pagadora da petroleira, como já fez a Moody’s.
Com o selo de grau de investimento, a Petrobras tem acesso a grandes grupos financiadores internacionais, que podem ajudá-la com os recursos necessários para investir nos próximos anos, inclusive no pré-sal.
Impasse
A aprovação do balanço de 2014 na quarta-feira da próxima semana, no entanto, ainda depende da boa vontade dos conselheiros. A maioria deles – cinco de um total de oito – representa a União, acionista majoritária da empresa, e é capaz de aprovar a publicação do balanço independentemente da vontade dos demais conselheiros.
No entanto, os posicionamentos dos representantes dos investidores em ações minoritárias do tipo ordinária e preferencial , assim como o do representante dos empregados, podem ter influência sobre a aceitação dos números pelo mercado e, por consequência, na reconstrução da credibilidade da Petrobras.
Durante toda esta segunda-feira (13), os conselheiros da estatal aguardavam para receber a pauta do encontro. O documento com informações prévias do que será discutido, tradicionalmente, é entregue ao colegiado com, pelo menos, uma semana de antecedência. Sem acesso ao documento, começou entre eles o suspense sobre um possível adiamento da reunião para que o balanço pudesse ser divulgado.
Mesmo se divulgar o documento no dia 22, a Petrobras ainda assim terá contrariado as regras previstas pela autarquia reguladora do mercado de capitais no Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Os números do terceiro trimestre deveriam ter saído em novembro e os do fechamento do ano, até o fim de março deste ano.
Estatal pode vender fatia na Braskem
A Petrobras pretende vender a participação que detém na petroquímica Braskem, controlada pela estatal em conjunto com a Odebrecht, como parte do plano de desinvestimentos da ordem de US$ 13,7 bilhões. Caso encontre interessado, missão que, segundo fontes de mercado, não será fácil, pode obter cerca de R$ 2,8 bilhões, correspondentes à sua fatia de 36,1%. Esse valor pode ser acrescido de 30% por um prêmio de controle, o que elevaria o total a ser embolsado para R$ 3,6 bilhões.
A notícia, divulgada nesta segunda-feira (13) pela manhã, fez com que as ações da estatal registrassem alta de mais de 10%. No final do pregão da Bovespa, acabaram perdendo força, mas, mesmo assim, fecharam com alta expressiva. As ações ordinárias (ON, com direito a voto) subiram 4,99%, enquanto as preferenciais (PN, sem direito a voto) tiveram alta de 3,81%.
O valor de mercado da Braskem, de cerca de R$ 7,9 bilhões considerando o fechamento das ações de sexta-feira, está depreciado em torno de 30%, reflexo, conforme fontes, do fato de a empresa ter sido citada na Operação Lava Jato, que apura denúncias de cartel e corrupção na Petrobras. A petroquímica negou ter participação em qualquer ato de corrupção envolvendo a estatal.
Como não tem concorrente no Brasil, um possível interessado na fatia da Petrobras pode ser, conforme uma fonte, uma petroleira estrangeira. Outra fonte minimiza a dificuldade de se identificar um comprador para a fatia da Petrobras e diz que pode ocorrer tanto venda para um investidor estratégico como para o mercado.
Entrave
Além de o nome da Braskem ter sido citado nas investigações da Polícia Federal, outro possível entrave à operação é o impasse comercial entre a petroquímica e a Petrobras. A estatal, além de sócia da Braskem, é também a principal fornecedora de insumos da companhia. Porém, desde 2013, as duas empresas não conseguiram chegar a um consenso para a assinatura de um novo acordo de fornecimento de nafta no longo prazo.
A possibilidade de um novo contrato ter condições menos favoráveis à Braskem foi citada recentemente pelos analistas do Bank of America Merrill Lynch como uma das justificativas para a revisão do preço-alvo das ações de R$ 21,50 para R$ 15.
Procuradas, Petrobras, Braskem e Odebrecht não comentaram o assunto.
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