Guiado pela queda das ações mais negociadas da Petrobras e da Vale, o principal índice da Bolsa brasileira, o Ibovespa, fechou nesta terça-feira (24) em queda de 0,31%, a 54.431 pontos. Com este desempenho, o índice devolveu parte do ganho de 0,91% obtido na segunda. "Foi uma correção normal. Não houve referências de peso que influenciaram na tendência do Ibovespa. A ausência de dados relevantes na agenda de indicadores econômicos abriu espaço para a realização de lucros [quando investidores vendem ações compradas por preços mais baixos]", diz Carlos Müller, analista-chefe da Geral Investimentos.
As ações mais negociadas da Petrobras tiveram perda de 1,83%, a R$ 18,77, enquanto os papéis mais negociados da Vale cederam 1,47%, a R$ 32,27. Esses papéis representam, juntos, cerca de 16% do Ibovespa.
O movimento foi na contramão da forte alta de 9,59% registrada pelos papéis da TIM, que fecharam cotados em R$ 11,08, depois da notícia de que a espanhola Telefónica, dona da Vivo, anunciou que vai aumentar sua participação na Telecom Italia, dona da TIM.
Também no setor de telefonia, os papéis mais negociados da Oi tiveram o segundo maior ganho do dia, de 5,10%, para R$ 5,15. "A empresa deve pagar proventos [parte do lucro distribuída aos acionistas] nesta semana, e subiu na esteira do noticiário de consolidações no setor", diz Luiz Gustavo Pereira, estrategista da Futura Corretora.
Já as ações das produtoras de celulose lideraram as perdas do Ibovespa no dia, diante da queda na cotação do dólar, que reduz o lucro dessas exportadoras. O papel da Fibria caiu 3,85%, enquanto Suzano e Klabin tiveram baixas de 2,92% e 2,83%, respectivamente.
Nos EUA, a confiança do consumidor recuou em setembro, de acordo com relatório divulgado hoje. O Conference Board, um grupo industrial, informou que seu índice de confiança do consumidor caiu para 79,7 ante 81,8 em agosto, segundo dados revisados, em comparação com as expectativas de economistas de 79,9.
O resultado gerou ainda mais dúvidas sobre quando o Federal Reserve (banco central americano) vai começar a cortar seu programa de recompras mensais de títulos, adotado para estimular a economia depois da crise de 2008. "O mercado continua cauteloso em relação ao futuro do estímulo econômico nos EUA. Um corte reduziria o volume de investimentos estrangeiros nos mercados emergentes, como o Brasil, prejudicando a Bolsa brasileira e pressionando a cotação do dólar para cima", diz Pereira.
Câmbio
No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou o dia em queda de 0,45% em relação ao real, cotado em R$ 2,192 na venda. É o menor valor desde 27 de junho deste ano, quando estava em R$ 2,186. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, encerrou o dia estável, a R$ 2,201.
A moeda americana chegou a subir em relação ao real pela manhã, mas inverteu a tendência depois que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, reafirmou que o programa de intervenções diárias no mercado de câmbio será mantido até o fim do ano.Como a moeda está abaixo de R$ 2,20, valor considerado confortável pelo governo para a inflação, especialistas citavam a possibilidade de o BC suspender o programa para não prejudicar as empresas exportadoras (que ganham com um dólar mais caro).
Pela manhã, o BC realizou um leilão de swap cambial tradicional, que equivale à venda de dólares no mercado futuro. A autoridade vendeu, ao todo, 10 mil contratos com vencimento em 3 fevereiro de 2014, por US$ 497,5 milhões.
A operação estava prevista pelo plano da autoridade para conter a escalada do dólar. O programa do BC -que começou a valer em 23 de agosto-- prevê a realização de leilões de swap cambial tradicionais de segunda a quinta, com oferta de US$ 500 milhões em contratos por dia, até dezembro.
Às sextas-feiras, o BC oferecerá US$ 1 bilhão por meio de linhas de crédito em dólar com compromisso de recompra -mecanismo que pode conter as cotações sem comprometer as reservas do país.