Na contramão de Nova York, a Bovespa iniciou o mês de maio em baixa, pressionada pelo tombo das blue chips Petrobras e Vale. As perdas no fechamento, entretanto, ficaram bem abaixo das registradas no pior momento da sessão, em razão da robustez dos ganhos de Wall Street, patrocinados por indicadores que mostraram recuperação da economia norte-americana.
O Ibovespa inaugurou o mês com queda de 0,61%, aos 67 119,41 pontos. Na mínima, registrou 66.723 pontos (-1,20%) e, na máxima, os 67.969 pontos (+0,65%). No ano, a Bolsa acumula perdas de 2,14%. O giro financeiro negociado hoje totalizou R$ 6,534 bilhões.
O humor amanheceu um pouco azedo nesta segunda-feira, por causa do aumento do compulsório pela China, pela terceira vez neste ano, pela decisão da Austrália de criar um imposto sobre lucros que pode abocanhar uma gorda fatia das operações de mineração onshore no país, e pelas preocupações com o desfecho da crise grega, apesar de a União Europeia ter acertado com o FMI a ajuda recorde de 110 bilhões, a maior já oferecida a um país.
Neste domingo (02/05), o FMI e a UE concordaram em oferecer 110 bilhões ao governo grego, em três anos, montante, no entanto, que exigirá uma contrapartida do governo grego - no caso, um austero regime fiscal. No início do dia, os investidores estavam temerosos justamente com a contrapartida grega, mas, no final, as bolsas europeias acabaram subindo, influenciadas pelos bons indicadores conhecidos nos EUA.
Em Wall Street, o Dow Jones ganhou 1,30%, aos 11.151,83 pontos, o S&P avançou 1,31%, aos 1.202,26 pontos, e o Nasdaq terminou com elevação de 1,53%, aos 2.498,74 pontos. Veio excepcionalmente bom o ISM industrial, que subiu para 60,4 em abril, o maior nível desde junho de 2004, em comparação com 59,6 em março. O número ficou acima do previsto pelos economistas, de 60,1. Mas também agradaram os gastos dos consumidores dos EUA em março (+0,6%) e a renda pessoal (+0,3%) - em linha com as expectativas - e os com construção (+0,2%), ante previsão de queda de 0,5% Foi a primeira alta desde outubro do ano passado.
O ganho das bolsas norte-americanas ajudou a conter as perdas da Bovespa, que caiu pressionada pelo tombo de Vale e Petrobras. No caso da mineradora, pesou sobre os ativos a decisão de a China subir, pela terceira vez em 2010, o compulsório bancário (0,50 pp) numa nova tentativa de evitar a especulação no mercado imobiliário. Estes papéis também sentiram a proposta do governo australiano de um novo imposto sobre lucros, que pode chegar a 40% dos lucros das operações de mineração onshore no país a partir de julho de 2012. Vale ON perdeu 2,49% e Vale PNA recuou 2,54%.
Já Petrobras despencou 4,19% na ação ON e 3,96% na PN, depois que o JPMorgan rebaixou a recomendação para os papéis da empresa de "overweight" para "neutral" e reduziu o preço-alvo para o ADR, de US$ 57,00 para US$ 48,00. O argumento da instituição é de que é melhor esperar para que muitas questões sobre a capitalização sejam resolvidas após o anúncio de que operação será feita por meio de uma oferta global de ações. Na Nymex, o contrato do petróleo para junho avançou 0,05%, para US$ 86,19 o barril.
Câmbio
A crença sólida de que o Brasil deve continuar a atrair recursos, seja para arbitragem de juros, seja para investimentos de longo prazo, manteve o mercado doméstico de câmbio em linha oposta ao desempenho da moeda americana no exterior, onde o dólar se fortaleceu com os dados que indicam a recuperação da economia dos EUA, ao mesmo tempo em que o euro sofreu o revés da desconfiança de que o pacote grego não impeça a crise de se alastrar pelo bloco. Por aqui, o Banco Central continua com ação agressiva, fazendo, pelo terceiro dia seguido, dois leilões de compra de dólares no mercado à vista.
Ao final deste primeiro pregão de maio, o pronto na BM&F fechou a R$ 1,7294, queda de 0,44%, enquanto a moeda no balcão recuou 0,40%, a R$ 1,7300, depois de oscilar entre a máxima de R$ 1,7360 e a mínima de R$ 1,7270. O giro das operações com liquidação em dois dias (ainda prévio) era de US$ 2 bilhões, inferior aos US$ 3,7 bilhões de sexta-feira. No segmento futuro, o contrato para junho, mais negociado, era cotado há pouco em R$ 1,7415, retração de 0,29%.
Internamente, o Banco Central realizou dois leilões de compra - pelo terceiro dia consecutivo -, prática que retomou em 15 de abril, depois de três anos. Hoje, os leilões aconteceram entre 11h58 e 12h08, com taxa fixada em R$ 1,7343, e entre 16h01 e 16h11, à taxa de corte de R$ 1,7307.
Perto das 16h40, o euro era negociado a US$ 1,3196, de US$ 1,3312 no final da tarde de sexta-feira em Nova York. Já o dólar subia a 94,61 ienes, de 93,92 sexta-feira à tarde.
Juros
Ao término da negociação normal da BM&F, o DI julho de 2010 (64.695 contratos) projetava 9,68%, estável; o DI janeiro de 2011 (281.950 contratos) subia a 11,20%, de 11,12% na sexta-feira; e o DI janeiro de 2012 (148.165 contratos) estava na máxima de 12,46%, ante 12,31% no ajuste anterior. O DI janeiro de 2014 (22.535 contratos) avançava a 12,62%, de 12,54% na sexta-feira.