Fila para abastecer em um posto no bairro Parolin, em Curitiba, ontem à noite: estimativa de alta perto de R$ 0,19| Foto: Hugo Harada/ Gazeta do Povo

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Em Curitiba, aumento pode ser de até R$ 0,19

No dia 16 de janeiro, o presidente do Sindicombustíveis, Roberto Fregonese, disse à Gazeta do Povo que, se o preço subisse 7% na refinaria, subiria em torno de R$ 0,19 por litro na bomba em Curitiba. Com o porcentual confirmado em 6,6%, ele pode ficar um pouco abaixo disso.

Segundo a pesquisa mais recente da ANP, na semana passada o preço médio da gasolina em Curitiba era de R$ 2,82 por litro, variando de R$ 2,70 a R$ 3,28. Na verdade, entre os 94 pesquisados pela agência, apenas um posto cobrava mais de R$ 2,90 – um posto com bandeira da Cosan que fica no bairro Boqueirão, e estava cobrando R$ 3,28. Como o preço médio cobrado pelas distribuidoras aos postos era de R$ 2,39, a chamada "margem de revenda" dos estabelecimentos de Curitiba era de R$ 0,43 por litro. Esse lucro refere-se apenas à diferença entre o que o posto paga à distribuidora e o que cobra dos clientes – não inclui, portanto, receitas com outros produtos e despesas com aluguel, funcionários e outros.

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Com atraso de sete meses desde que a Petrobras expôs a necessidade de aumentar em 15% o preço da gasolina e do óleo diesel, o governo federal autorizou ontem a empresa a reajustar o valor cobrado pelos combustíveis nas refinarias a partir da zero hora de hoje. A gasolina aumentou 6,6%. O diesel, 4,4%.

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O informe sobre o aumento foi divulgado à noite pela petroleira, em comunicado à Comissão de Valores Mobiliário (CVM). "Esse reajuste foi definido levando em consideração a política de preços da companhia, que busca alinhar o preço dos derivados aos valores praticados no mercado internacional em uma perspectiva de médio e longo prazo", diz a companhia no comunicado.

A companhia avisou ao governo no ano passado, quando da elaboração do Plano de Negócios vigente, que precisaria reajustar a gasolina e o diesel em 15%, de forma a conseguir financiar os investimentos de US$ 236,5 bilhões previstos para o período 2012-2016. Em 25 de junho, a gasolina foi reajustada nas refinarias em 7,83%. Agora, faltaria cerca de 7% para que a pretensão da estatal fosse atendida.

Apesar de o porcentual de reajuste da gasolina ser pouco abaixo do previsto no Plano de Negócios, o aumento concedido no diesel poderá compensar o resultado. O diesel é o combustível com maior impacto no balanço da companhia.

O reajuste não acaba com a defasagem de preços dos combustíveis vendidos pelas refinarias da Petrobras em relação ao mercado internacional, mas garante a continuidade de projetos e investimentos. Além de aliviar o caixa da companhia, que registra prejuízo de cerca de US$ 1 bilhão ao mês com a diferença entre os preços de importação de diesel e gasolina e os praticados no mercado doméstico.

Impactos

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Como a gasolina tem adição de 20% de álcool (produto com preço menor) antes de ser vendida nos postos, espera-se que o reajuste não chegue na mesma proporção aos consumidores. O Sindicom (sindicato nacional das distribuidoras de combustíveis) diz que haverá repasse do reajuste para os consumidores. "Será um aumento inferior ao reajuste na bomba", diz o presidente do sindicato, Alísio Vaz.

Na avaliação de Ricardo Corrêa, analista da corretora Ativa, o reajuste confirma a "expectativa negativa" do mercado em relação à recomposição das receitas da Petrobras. "O reajuste, naturalmente, alonga a capacidade de geração de caixa da empresa, mas a defasagem (dos preços nacionais com as cotações internacionais) não foi totalmente resolvida", observou o especialista.

OpiniãoO subsídio continua, e faz mal. Depois não adianta reclamar

Fernando Jasper, repórter de Economia

Poucos acreditam quando o jornalista diz que o preço da gasolina estava defasado. Mas estava – e continuará defasado. Que fique claro: estou falando do valor lá na refinaria da Petrobras. Aquilo que o posto da sua esquina está cobrando desde o feriadão de Finados é outra história.

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Antes do reajuste de ontem, o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) estimava que o preço nas refinarias brasileiras estava 13% abaixo do valor internacional, sem contar os impostos. Isso significa que a Petrobras levava prejuízo ao importar quantidades crescentes de combustível para atender à demanda nacional. E continuará levando, porque o reajuste autorizado por Dilma Rousseff – preocupadíssima com a inflação – cobre só metade do rombo.

Segundo cálculo do jornal Valor, a estatal vinha perdendo R$ 1,8 bilhão por mês nessas operações. Problema dela, dirá o leitor. Pode ser. Mas tenha em mente que, ao queimar dinheiro com subsídios, a Petrobras tem menos recursos para investir no pré-sal (que está atrasado) e na produção local de gasolina (que hoje não supre a demanda).

Pior: o preço artificial da gasolina asfixia a indústria de etanol, que não é perfeita, mas é bem menos agressiva ao meio ambiente. Mantido o círculo vicioso, ficaremos cada vez mais dependentes da importação de combustíveis, "viciados em petróleo", como diria um ex-presidente dos EUA. Depois não adianta reclamar.