A Petrobras abriu um escritório em Cuba para acompanhar o processo de prospecção de petróleo em águas da ilha, informou nesta quarta-feira (15) o novo representante da empresa em Havana, João Figueira. A unidade está em funcionamento desde terça-feira (14), segundo informou ao G1 a assessoria de imprensa da estatal.
Figueira, gerente-geral da Petrobras na Venezuela, disse em entrevista coletiva que o escritório será "um ponto de referência" durante a primeira fase exploratória, mas que, se a companhia quiser avançar à etapa de perfuração, precisará ampliar sua representação em Cuba.
Por enquanto, a Petrobras decidiu que os trabalhos técnicos na ilha serão realizados pela equipe de Caracas, "visando à administração e eficiência de custos".
Pesquisas
Atualmente, a empresa processa os resultados das pesquisas sísmicas realizadas no bloco que adquiriu em outubro em águas profundas cubanas do Golfo do México. Após os estudos de geologia e geofísica da área, a Petrobras tem até maio de 2010 para decidir se passará à perfuração, segundo seu contrato com a estatal Cuba Petróleo (Cupet).
"Este bloco representa o retorno da companhia a Cuba. Por enquanto, vamos conduzir isso, mas estamos de portas abertas para avaliar outras oportunidades no país", explicou Figueira, que lembrou que entre 1998 e 2001 a Petrobras já explorou águas da ilha. "Foi uma operação perfeita, mas infelizmente o poço acabou resultando ser seco", disse.
Agora, a empresa tem um contrato com o governo cubano que pode durar até 32 anos e que permite operar em um bloco de 1,6 mil quilômetros quadrados, que está "muito bem situado do ponto de vista geológico", acrescentou o executivo.
"Já concluímos o levantamento sísmico, com quase 2,6 mil quilômetros quadrados, e no momento estes dados estão sendo processados. Assim que terminar esta etapa, vamos começar a fase de interpretação, com os geólogos e físicos", disse Figueira, durante entrevista coletiva.
Cuba dividiu em 2000 sua zona exclusiva em 59 blocos, explorados por Repsol (Espanha), Hydro (Noruega) OVL (Índia), PDVSA (Venezuela), PetroVietnã, Petronas (Malásia) e Petrobras.
Embargo
Figueira explicou que o embargo comercial e financeiro que os Estados Unidos aplicam contra a ilha desde 1962 cria "uma série de dificuldades", mas não é um fator que impeça os trabalhos, porque sua companhia encontrou "soluções e caminhos" no passado para perfurar em Cuba com plataformas contratadas.
"Se nós tomarmos a decisão de perfurar, a companhia terá seus meios de como fazer a perfuração. Por isso, insisto em que nosso trabalho agora é estar muito concentrados nos trabalhos de geologia e geofísica para que seja tomada a melhor decisão", acrescentou.
Ele ressaltou que a companhia quer ter em Cuba "um projeto de longo prazo" e está aberta a "avaliar" outras possibilidades.