Enquanto a maioria dos produtores de álcool brasileiros tenta derrubar as tarifas que os Estados Unidos impõem ao produto brasileiro, com o objetivo de ganhar uma fatia maior no mercado americano, a Petrobras concentra seus esforços de produção de etanol no Japão.

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A empresa está em entendimentos para conseguir financiamento e parcerias técnicas em um projeto que prevê a exportação de 3,5 bilhões de litros do combustível para o país até 2011.

Para se ter uma idéia do tamanho da empreitada, o volume é mais do que o dobro do que o Brasil exportou para os Estados Unidos no ano passado (1,4 bilhão de litros). Em 2006, o país produziu 17,5 bilhões de litros do combustível, tendo exportado quase 3 bilhões de litros.

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Novos projetos

De acordo com o diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, será necessária a construção de 40 usinas de álcool caso o projeto se concretize. Costa afirma que a idéia ainda está em fase de desenvolvimento, mas a estatal já está selecionou as empresas brasileiras que serão parceiras do projeto.

Ao contrário dos EUA, que nem após a visita do presidente George W. Bush ao Brasil abriu a possibilidade de abrir as portas para o produto brasileiro, há possibilidades concretas de parceria com o Japão no setor de biocombustíveis (etanol e biodiesel).

A empresa também firmou convênio com o Japan Bank for International Cooperation - um banco de fomento - para possível ajuda financeira a projetos do setor sucroalcooleiro no Brasil. O diretor da Petrobras informa também que uma parceria está sendo formada entre as companhias Mitsui (Japão) e Camargo Corrêa (Brasil) para obras que facilitem o escoamento da produção, como dutos de transporte.

Dentro do esforço do governo federal para abrir o mercado japonês para o etanol brasileiro, o ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes, vai visitar o país na semana que vem. Entretanto, Costa lembra que o projeto vai levar pelo menos alguns anos para se concretizar: "O governo japonês também precisa se adaptar para receber o etanol brasileiro. É preciso formar redes de distribuição e adaptar os postos de combustível."

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Mercados alternativos

A Petrobras, aliás, especializou-se em buscar ''mercados alternativos'' para o álcool brasileiro. A empresa pretende multiplicar por sete suas exportações do produto em 2007, chegando a 850 milhões de litros. Entre os principais clientes da empresa estatal não estão países desenvolvidos, mas nações que são grandes produtoras de petróleo, como a Nigéria, na África, e a Venezuela.

Paulo Roberto Costa também vê uma "fabulosa oportunidade de negócios" em grandes mercados asiáticos, como a Índia e a China. Para o diretor da estatal, a vinda de Bush ao Brasil pode ajudar que esses mercados ''abram os olhos'' para o etanol brasileiro.

Regiões emergentes

Uma parte das usinas que a Petrobras pretende construir estão nas regiões que são consideradas ''emergentes'' na produção de álcool - hoje, São Paulo concentra 60% da produção de etanol, mas a tendência é que a produção se espalhe pelo país nos próximos anos.

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Parte dos novos emprendimentos capitaneados pela Petrobras deve ser instalada em Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, estados que têm recebido um volume cada vez maior de investimentos do setor sucroalcooleiro.

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