Após levantar R$ 120 bilhões na maior venda de ações no mundo, a Petrobras já encolheu US$ 11,27 bilhões (R$ 18,8 bilhões) em valor de mercado, resultado de um movimento de correção de preços deflagrado pelos mesmos bancos que venderam a capitalização da empresa. No ano, o valor de mercado da Petrobras caiu 27,58% mais que o da British Petroleum, envolvida no megavazamento do Golfo do México, que recuou 26,26%.
Relatórios negativos de analistas, receio de ingerência política e de envolvimento em escândalos durante o período eleitoral, além da diluição dos ganhos e de desrespeito ao acionista minoritário (no caso, os maiores fundos de pensão e de investimento do planeta) são os motivos alegados para a recente "desgraça da companhia no mercado.
"A empresa não tem fundamentos [motivos] para esse valor. Os problemas que a Petrobras têm todos sempre souberam quais são. O investidor não comprou ação uma semana atrás e descobriu agora que há ingerência política na empresa e que o retorno é baixo", diz Nelson Matos, analista do Banco do Brasil Investimentos. "O que é de se estranhar é um banco oferecer a operação para os investidores e, uma semana depois, aparecer dizendo que a ação vale menos", afirma Erick Scott, analista da corretora SLW. Diante da instabilidade de preços, a empresa virou alvo de investidores que apostam na desvalorização dos papéis, segundo analistas.
Pessoa física
Os analistas recomendam que o investidor pessoa física nunca venda ações durante períodos de alta tensão, que podem ser movimentos de curto prazo. O conselho é esperar um período mais favorável para se desfazer de investimentos de risco.
Gigante, a capitalização despejou mais de 4 bilhões de ações que os investidores domésticos e estrangeiros têm dificuldade em absorver. Grande parte dos papéis foram comprados por fundos de pensão e investidores de longo prazo (fala-se em fundos soberanos do Oriente Médio e Ásia), que não costumam negociar as ações diariamente na Bolsa. Ontem, as ações preferenciais (sem voto) subiram 2,77% e as ordinárias (com voto), 2,44%.