A Petrobras apresentará na sexta-feira a seu conselho de administração uma versão revisada do plano de negócios para o período de 2011 a 2015, preparada para mostrar o potencial da companhia de gerar caixa, afastando o risco de uma nova capitalização --um grande temor dos investidores da estatal.
Segundo várias fontes inteiradas sobre o processo de revisão do plano --depois que uma primeira versão foi rejeitada pelo conselho no dia 13 de maio--, a nova proposta vai seguir o desejo de muitos acionistas e não elevará investimentos em refinarias.
Deverão crescer os recursos voltados para novas descobertas e a exploração da chamada cessão onerosa, que reúne áreas com 5 bilhões de barris de petróleo trocadas com a União por ações da empresa durante a bilionária capitalização de setembro do ano passado.
"Só na última semana anunciamos três descobertas. Tem que jogar carga em E&P (Exploração e Produção), é isso que alavanca a companhia", disse uma das fontes pedindo anonimato e referindo-se a descobertas divulgadas no Golfo do México, bacia do Espírito Santo e na bacia Pará-Maranhão com a chinesa Sinopec.
Na semana anterior a empresa informou aumento de produção em uma área considerada uma nova fronteira na bacia de Santos.
Com um caixa maior, turbinado por mais produção em meio a preços elevados de petróleo, a empresa reduz a necessidade de acessar o mercado de dívida ou de ações para financiar os vários projetos na região do pré-sal e pós-sal no Brasil, além dos promissores projetos fora do país como a parte norte-americana do Golfo do México.
Sob medida
Esta será a segunda tentativa de aprovação do plano pelo conselho, após a rejeição da primeira versão que previa um valor de investimentos em 5 anos de quase 250 bilhões de dólares, segundo fontes, montante que foi considerado excessivo principalmente pelo governo, que pediu a revisão.
Segundo as fontes ouvidas pela Reuters, o novo valor que será apresentado ao conselho na sexta ficará bem perto dos 224 bilhões de dólares do plano anterior (2010-2014). O número final ainda não foi fechado, segundo elas."O mercado vai gostar. Algumas datas de refinarias serão empurradas para frente e toda a carga vai para exploração e produção... Na bacia de Campos, por exemplo, temos 85 por cento de acerto, tem que investir para produzir lá", disse uma fonte dentro da empresa, pedindo anonimato.
Sem dar detalhes, outra fonte explicou que apesar de "quase pronto" o plano ainda está sendo ajustado. A aprovação, no entanto, não é dada como certa.
"Depende do conselho, não tem nada certo, mas já demorou tempo demais. Acho que dessa vez vai", avaliou uma das fontes.
No ano passado, o Plano de Negócios 2010-2014 também foi divulgado em junho. A área de Exploração e Produção ficou com 53 por cento do total, enquanto a área de Abastecimento obteve 33 por cento. No plano anterior, 2009-2013, que previa investimentos de 174,4 bilhões de dólares, a área de E&P havia ficado com 59 por cento e Abastecimento com 25 por cento.
A elevação dos recursos para a área de Abastecimento de um ano para outro foi lida pelo mercado como, de certa forma, uma interferência política para que a empresa construísse refinarias no Nordeste do país.
Eventual fôlego para ação
O analista Erick Scott, da SLW Corretora, afirmou não esperar grandes surpresas no novo plano. A torcida é realmente para que venha "muito mais E&P e menos Abastecimento", e que o valor programado não suba muito em relação ao plano anterior.
Dependendo do resultado, e dos humores na Europa e outros mercados que passam por turbulências nos últimos tempos, as debilitadas ações da companhia podem receber um bom estímulo.
"Vai depender muito do cenário externo, mas olhando apenas para a companhia, se não vier nenhuma novidade, ou capitalização, ou necessidade de muito dinheiro novo, pode fazer um gás no papel sim", avaliou o analista.
Na terça-feira da semana passada, as preferenciais da estatal tocaram o nível mais baixo desde março de 2009, quando o mundo vivia uma crise financeira, atingindo o valor de 23 reais. No ano os papéis acumulam perda de cerca de 12 por cento, próximo à perda de 10 por cento do Ibovespa.
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