A Petrobras afirmou nesta segunda-feira que mantém as portas abertas para um acordo que permita à venezuelana PDVSA participar da refinaria que está sendo construída em Recife apesar do fracasso das negociações entre as empresas.
"Seria uma falta de cortesia de nossa parte não estar dispostos a uma abertura caso ela apareça", afirmou o diretor de Abastecimento da Petrobras, José Consenza, em entrevista coletiva no Rio de Janeiro.
A Petrobras anunciou na sexta-feira (25) a decisão de terminar sozinha a construção da refinaria Abreu e Lima devido ao fracasso das negociações com a PDVSA, que no contrato inicial teria 40% de participação na unidade.
A direção optou por incorporar à estrutura a subsidiária criada para dirigir a refinaria diante da possibilidade de a unidade ter dois sócios.
"Vínhamos negociando com a PDVSA há muito tempo, mas em um momento a empresa venezuelana apresentou uma proposta muito diferente. O que estava estabelecido no início do negocio continua válido, se eles tiverem mobilização para isso", disse Consenza.
O executivo disse que, após a decisão da sexta-feira, a refinaria passou a ser 100% propriedade da Petrobras, mas que a venezuelana poderá ter uma participação caso aceite as condições iniciais da negociação.
O projeto binacional foi planejado em 2005 pelos então presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez, mas a aliança passou por diferentes problemas devido a divergências nos avais apresentados pela PDVSA, que o BNDES, responsável pelo financiamento não considerou adequados.
Por causa disso a Petrobras iniciou as obras em 2007 com recursos próprios, que já estariam, segundo a empresa, 80% concluídas.
A refinaria de Abreu e Lima fica em Pernambuco, tem uma capacidade projetada de processamento de 230 mil barris diários de petróleo e sua construção exigiu investimentos de cerca de US$ 18 bilhões.
A previsão mais recente é que o primeiro parque da refinaria comece a operar em 2014 com capacidade para 115 mil barris diários.
Consenza esclareceu que Petrobras optou por assumir totalmente a refinaria para melhorar a execução das obras e facilitar a operação da refinaria no ano que vem. Assim há a possibilidade de a refinaria processar a produção nacional de óleo leve, já que ela foi projetada para processar o petróleo venezuelano, mais pesado, necessitaria de equipes diferentes aos que estão sendo montados.
O executivo afirmou que estão sendo estudadas algumas mudanças. "Digamos que a adequação para o óleo nacional está sendo estudada e existe uma grande probabilidade de termos um processamento adicional nessa refinaria, pelas características de refino de óleo mais pesado para óleo mais leve". EFE