A redução dos investimentos da área internacional prevista no plano de negócios da Petrobras mais o desinvestimento em ativos de países sul-americanos vão gerar conflitos com vizinhos que precisão ser gerenciados pela estatal, segundo o assessor da Presidência da empresa, André Ghirardi.
O plano de negócios plurianual da estatal (2011-2015) prevê desinvestimentos de mais de US$ 13 bilhões, e parte desse movimento de venda de ativos deve acontecer no exterior, embora a estatal ainda não tenha especificado o que será vendido.
"De 2009 a 2010 houve um corte de 30% na diretoria internacional e, agora, temos a orientação de desinvestimento, inclusive na área internacional", disse Ghirardi em palestra no Rio de Janeiro.
"Isso tem impacto direto nos nossos vizinhos. Vejo isso como fonte de conflitos não graves, mas trabalhosos e sensíveis", acrescentou o executivo.
No caso da Argentina, por exemplo, a Petrobras recentemente perdeu a concessão de uma área, confiscada pela província de Neuquén, que argumentou que a estatal não fez os investimentos devidos na exploração.
Ghirardi destacou, ao citar Argentina, Bolívia e Peru, que nos países vizinhos há sempre uma grande expectativa com a presença da estatal e seu potencial de investimentos.
No entanto, o assessor da presidência da Petrobras revelou que os recursos disponíveis são cada vez mais escassos e que as chances de novos investimento nos países vizinhos são pequenas.
"Diante da dimensão gigantesca do pré-sal e do Plano de Investimento (de 224 bilhões de dólares até 2015), há uma falsa impressão de que a Petrobras tem recurso excedente para aplicar nesses países. A realidade é outra. É um ato de equilibrismo gerenciar fluxo de caixa", afirmou ele.
Segundo Ghirardi, existe um espaço pequeno para aplicar nos vizinhos qualquer recurso que não seja o gerado no próprio país.
"Criou-se uma expectativa muito grande nesses países, mas com o pré-sal essa realidade mudou. Precisamos concentrar recursos no Brasil e não precisamos ir a lugar nenhum para conseguir petróleo para o suprimento brasileiro", ressaltou o assessor da presidência da Petrobras.