A Petrobras, imersa em um gigantesco escândalo de corrupção e que no último ano registrou seu pior resultado desde 1991, informou nesta quinta-feira (23) que o Plano de Negócios para os próximos cinco anos que será anunciado em maio vai priorizar a redução de sua milionária dívida.
“A prioridade é ‘desalavancar’ (reduzir a dívida) da companhia e investir em projetos de maior rentabilidade”, declarou em uma conferência com investidores através da internet a diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Solange Guedes.
De acordo com Solange, a estatal está adiando projetos de baixa rentabilidade no país e no exterior, e se centrará em ativos de baixo risco e na exploração do pré-sal.
Balanço
Na quarta-feira (22), com vários meses de atraso, a Petrobras apresentou o balanço do último trimestre e o do ano passado, em que registrou perdas de R$ 21,587 bilhões (US$ 7,2 bilhões).
É o primeiro resultado negativo da companhia petrolífera desde 1991, que se agrava com uma dívida bruta que chegou no fim de 2014 a R$ 351 bilhões (cerca de US$ 117 bilhões).
O dado que mais chamou a atenção no balanço foi, no entanto, o reconhecimento de que o esquema de corrupção custou à empresa R$ 6,2 bilhões desde 2004.
Sem dividendos
Segundo o diretor de Relações com Investidores, Ivan Monteiro, o Plano de Negócios para o próximo quinquênio se baseará em “preços competitivos e de mercado” e ratificou que a empresa não pagará dividendos sobre o ano passado.
Caso a empresa feche 2015 com lucro, a Petrobras “pagará juros sobre capital próprio e dividendos, como acontece normalmente”, ressaltou Monteiro.
A previsão é de R$ 3 bilhões em desinvestimentos em 2015, número que subirá para R$ 10 bilhões em 2016, com um fluxo de caixa no final de ano de R$ 20 bilhões.
A captação de recursos projetada para este ano, de R$ 13 bilhões, está “coberta”, de acordo com Solange.
A estatal trabalha com um cenário de preço médio de US$ 60 o barril do petróleo Brent e com o dólar cotado a R$ 3,1, além de calcular uma produção no país e no exterior de 2,796 milhões de barris diários de petróleo e gás natural equivalentes, crescimento de 4,5% em relação a 2014.
Solange apontou que a expectativa é de que esse volume aumente em 2016 até 2,886 barris diários de petróleo e gás natural equivalentes.
A meta de investimentos para o próximo ano é de R$ 25 bilhões, 37% menos que as projeções iniciais.