Sob o comando de uma nova diretoria, a Petrobras apurou lucro líquido de R$ 5,33 bilhões no primeiro trimestre de 2015, queda de 1,2% em relação ao mesmo período de 2014, sem contar a inflação.
Ainda assim, é um alívio depois do prejuízo de quase R$ 22 bilhões registrado em 2014. O rombo foi provocado por perdas com a má gestão e com a corrupção descoberta pela Operação Lava Jato.
Sem aval dos auditores independentes, a empresa só conseguiu retomar a divulgação dos seus resultados um mês atrás.
A estatal agora luta para deixar a crise para trás, mas enfrenta três vilões: a desvalorização cambial, a queda do preço do petróleo no mercado internacional e a menor demanda do mercado brasileiro, resultado da recessão da economia. Esses fatores contribuíram para um recuo de 9% na receita da companhia no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, para R$ 74,4 bilhões.
O faturamento da empresa caiu, apesar do aumento da produção de petróleo, que cresceu 12% no primeiro trimestre por causa da entrada em funcionamento de algumas plataformas. A desvalorização do real elevou a dívida da companhia, que está boa parte em dólar.
O endividamento líquido da Petrobras avançou 18%, para R$ 332 bilhões em dezembro do ano passado. As despesas financeiras pesaram para a redução do lucro.
Geração de caixa
Por outro lado, a estatal colhe os frutos do reajuste de 5% no preço do diesel e de 3% no preço da gasolina, que foram concedidos pelo governo em 7 de novembro do ano passado, após muita postergação por causa das eleições.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações), que reflete a geração de caixa da empresa, cresceu 50% em relação ao primeiro trimestre de 2014, para R$ 21,518 bilhões.
Esse indicador é muito observado pelo mercado financeiro. A geração de caixa melhorou porque, com a queda do preço do petróleo, ficou mais barato o aluguel de sondas e plataformas.
Os investimentos da Petrobras encerraram o primeiro trimestre deste ano em R$ 17,8 bilhões, recuo de 13% em relação ao verificado em igual período de 2014, de R$ 20,5 bilhões. O principal motivo foram as postergações de projetos na área de refino de petróleo.
Dividendos
Satisfeita com o lucro líquido, a companhia informou que, se os resultados de 2015 forem positivos, voltará a pagar dividendos normalmente. No ano passado, por causa do prejuízo, a petroleira não deu retorno aos acionistas.
O mercado aguarda com ansiedade o novo plano de negócios, que deve trazer cortes relevantes nos investimento. A divulgação está prevista para a segunda quinzena de julho.