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Negociação

Petrobras quer fatia da Galp, de Portugal

Quatro meses após fazer a maior capitalização da economia mundial e divulgar que concentraria seus esforços no desenvolvimento do pré-sal, a Petrobras anunciou ontem que está avaliando a compra de participação acionária na portuguesa Galp. A estratégia seria adquirir os 33,34% que a estatal italiana Eni possui na empresa. Segundo fontes, o valor da oferta chegaria a 3,5 bilhões de euros ou US$ 4,7 bilhões, mas a Petrobras não confirma o valor. Diz apenas que "está estudando a possibilidade de uma potencial transação com a Eni, mas até o momento nenhuma análise foi concluída assim como não há qualquer documento vinculante entre as partes."

A especulação sobre o avanço da Petrobras sobre a Galp por meio da Eni não é de hoje. Mas uma cláusula contratual previa que a italiana permanecesse no capital da portuguesa até o dia 31 de dezembro de 2010, o que afastou os rumores veiculados nos últimos dois anos. Atual­men­te, a Amorim Energia e a Eni têm participações iguais de 33,34% no capital da petrolífera, enquanto o governo de Portugal mantém os direitos de preferência, ou seja, a golden share, através da posição acionária de 7% da Parpública e de 1% da Caixa Geral de Depósitos. Os 25,32% restantes estão circulando no mercado.

Além da Petrobras, a Sonangol também vem demonstrando interesse em adquirir a parte da Eni na Galp. Isso tornaria a angolana verdadeira dona da empresa, já que possui hoje 45% da Amorim Energia. A Sonangol, inclusive, tem ameaçado recorrer à Justiça contra a entrada da Petrobras no negócio, pois alega que há cláusulas contratuais que preveem a aprovação prévia da Amorim Energia para que o negócio ocorra de fato. No mercado, a confirmação do interesse da Petrobras no negócio foi negativa. As ações da companhia, que fe­­charam em queda de 0,79% (preferenciais) e 0,37% (ordinárias), chegaram a cair 2% no pregão.

Estratégico

Para analistas, o interesse da Petrobras em adquirir a fatia da Eni é visto como estratégico do ponto de vista operacional, principalmente devido à participação da companhia portuguesa na exploração do pré-sal brasileiro. A Galp tem participação de 10% a 20% em cinco das dez descobertas já realizadas no local até agora, entre elas o campo de Lula (ex-Tupi). A possibilidade de fazer de Portugal uma porta de entrada para a produção brasileira de petróleo e derivados também seria um atrativo do negócio.

Há, em contrapartida, preocupação com a necessidade de a Petrobras ser a operadora única de áreas do pré-sal, pelo novo modelo de partilha, o que demandaria uma quantidade enorme de recursos. "Embora (o negócio) faça sentido por estar em linha com a estratégia da Petrobras de ampliar a produção no pré-sal, acho que o valor está alto", afirmou o analista da Planner Victor de Figueiredo Martins, completando que "a ANP [Agência Nacional do Petróleo] fala em retomar as licitações no Brasil. A Petrobras também precisará ampliar os investimentos no pré-sal. Por isso acho que neste momento a companhia deveria concentrar todos os esforços para entregar o aumento da produção doméstica", cobra.

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