Curitiba A Petrobrás acaba de comunicar um aumento de cerca de 27% no preço do gás natural importado da Bolívia. De acordo com uma carta enviada na última terça-feira pela gerência de comercialização de gás natural da estatal às distribuidoras do produto em cinco estados (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Mato Grosso do Sul), cerca de 14% desse reajuste seria colocado em prática na primeira semana de agosto, com o restante sendo aplicado em outubro.
A Companhia Paranaense de Gás (Compagás), em reação, enviou ontem uma correspondência à Petrobrás repudiando a intenção de aumentar o preço do combustível. Segundo informações da própria companhia, as distribuidoras de gás natural dos demais estados também devem se manifestar contra a medida, para evitar que o aumento chegue ao consumidor. "Um aumento agora é um desrespeito da Petrobrás a todo o mercado de gás natural e uma contradição para uma empresa que afirma ter a intenção de massificar o uso desse combustível em todo o país", afirma o presidente da Compagás, Rubico Camargo, que, há uma semana, anunciou o seu pedido de demissão, mas permanece na empresa até que o sucessor, Luiz Carlos Meinert, assuma.
A Petrobrás utiliza a nova Lei de Hidrocarbonetos da Bolívia, o aumento do preço do gás no seu contrato de compra e venda com a boliviana YPFB e "a manutenção da sustentabilidade dos investimentos no setor de gás natural" para explicar o reajuste. A Compagás, por sua vez, rebate afirmando que "não há previsão de investimentos relevantes na Região Sul, a mais atingida com a medida".
"A Petrobrás está utilizando a situação política e econômica da Bolívia como justificativa para aplicar aumentos represados no preço do gás natural e não podemos concordar com isso", diz Camargo.
Em abril de 2003, uma ação que envolveu os três governadores do Sul, o presidente da República e a então ministra das Minas e Energia, Dilma Roussef, evitou reajustes previstos pela Petrobrás na época. A medida anunciada agora retiraria esse incentivo e ainda aumentaria o preço. "Esperamos que a Petrobrás reveja sua posição e que pelo menos respeite um período de transição para alterações no preço do gás natural", finaliza o presidente da Compagás.