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A Petrobras planeja investir US$ 144 milhões até 2017 na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados de Araucária (Fafen-PR, antiga Fosfértil). O anúncio foi feito ontem, quatro dias depois de a estatal reassumir o comando da unidade, que fica nos fundos da refinaria Repar, na Região Metropolitana de Curitiba.
A fábrica, que tem 470 funcionários, foi inaugurada em 1982 e privatizada em 1993, e pertencia à Vale desde 2010. "Esta fábrica volta às mãos da Petrobras, de onde, com todo respeito à Vale, nunca deveria ter saído, porque tem toda uma sinergia com o nosso sistema", disse ontem a presidente da estatal, Maria das Graças Foster, durante a posse do novo diretor industrial da Fafen-PR, Edmir Bittencourt de Souza.
A executiva, que elogiou a geração de caixa e a eficiência operacional da unidade recém-comprada, agradeceu ao presidente da Vale, Murilo Ferreira, pela boa vontade nas negociações. "Faço um agradecimento todo especial ao Murilo pela forma expedita como conduziu o processo."
As conversas com a Vale começaram em 2010, quando Graça Foster era diretora de Gás e Energia da Petrobras. O negócio foi anunciado em dezembro do ano passado, e concluído no último sábado. Trata-se de uma troca de ativos. O valor da transação, de US$ 234 milhões, será descontado do arrendamento de diretos minerários da Petrobras para a Vale – em Sergipe, a mineradora explora minas de carnalita, mineral que dá origem ao potássio.
Com a aquisição, a fatia da Petrobras no mercado brasileiro de ureia passa de 20% para 35%. "A área de fertilizantes cresceu a uma taxa média de 6% ao ano nos últimos 20 anos, muito acima do PIB. Isso mostra a importância dos fertilizantes para o Brasil e para a Petrobras", disse o diretor de Gás e Energia da empresa, Alcides Santoro.
A Fafen-PR usa como matéria-prima o resíduo asfáltico fornecido pela Repar. Tem capacidade para produzir até 700 mil toneladas por ano de ureia, 475 mil toneladas de amônia e 450 mil metros cúbicos de Arla 32, um agente que reduz as emissões de óxidos de nitrogênio em motores diesel.
Investimento
O investimento previsto para a Fafen-PR nos próximos quatro anos, equivalente a cerca de R$ 300 milhões, está dividido em três partes. A primeira é a conversão da caldeira, que deixará de usar óleo combustível para ser alimentada por gás natural – cerca de 500 mil metros cúbicos por dia. A segunda é o aumento da capacidade de armazenamento de Arla 32. E a terceira envolve os gastos com duas paradas programadas de manutenção, em 2014 e 2016.
A maior, por enquanto
A Petrobras tem outras duas fábricas de fertilizantes, uma na Bahia e outra em Sergipe. A quarta Fafen, em Mato Grosso do Sul, deve ficar pronta em setembro de 2014. Hoje a unidade de Araucária é a maior do grupo, mas em breve deve ser superada pela de Sergipe, que está sendo ampliada, e em 2014 também ficará atrás da fábrica sul-mato-grossense.
Complexo petroquímico do Rio sofrerá novo atraso
A entrada em funcionamento do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) terá um novo atraso. Segundo Graça Foster, as operações só devem começar em agosto de 2016 – o prazo anterior era abril de 2015. A presidente da estatal atribui o atraso a problemas no projeto original, que teve de ser alterado. Houve atrasos também no recebimento de equipamentos, por causa de dificuldade na obtenção de licenças ambientais para transportá-los. A executiva também se disse otimista sobre a capacidade de aumento da produção de petróleo no país.