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A Petrobras reduziu para US$ 112 milhões o preço das duas refinarias de sua propriedade em território boliviano, um desconto em relação ao valor inicial proposto pela estatal brasileira, que girava em torno de US$ 160 milhões, indicam veículos de comunicação da Bolívia. O presidente da Petrobras Bolívia, José Fernando de Freitas, no entanto, não quis revelar detalhes da "oferta final" da Petrobras, apresentada na reunião realizada na manhã desta quarta-feira, em La Paz, com representantes do governo e da estatal petrolífera boliviana YPFB.
A reunião entre a Petrobras e o governo boliviano terminou sem acordo. Foi o primeiro encontro entre representantes da empresa e autoridades do governo do presidente Evo Morales, após seu decreto sobre as duas refinarias da Petrobras, no território boliviano.
- Foi um encontro cordial, muito tranqüilo, onde detalhamos a proposta da Petrobras às autoridades bolivianas - disse o brasileiro José Fernando de Freitas, presidente da Petrobras Bolívia.
- Agora vamos esperar a resposta do governo boliviano para continuar as negociações, acrescentou.
O prazo dado pelo presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, lembrou Freitas, vence nesta quinta-feira. O governo boliviano deverá responder se aceita o preço pedido pela Petrobras pela venda total das duas refinarias que comprou nos anos noventa.
No final da tarde desta quarta-feira, a assessoria de imprensa do Ministério de Minas e Energia confirmou que o prazo de 48 horas dado pela Petrobras a estatal boliviana YPFB para se pronunciar sobre a proposta de venda das refinarias termina na quinta-feira, já que ela foi notificada na última terça-feira. A assessoria informou ainda que o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, não vai se pronunciar até que sejam concluídas as negociações entre as duas empresas.
Expropriação
Com apoio do presidente Lula, Gabrielli, o ministro brasileiro das Minas e Energia, Silas Rondeau, e o Itamaraty reagiram ao decreto de Morales, dizendo tratar-se de uma "expropriação" do fluxo de caixa das refinarias.
A previsão é de que o ministro boliviano de Hidrocarbonetos, Carlos Villegas, entregue a proposta da Petrobras ao presidente Morales ainda nesta quarta-feira.
A empresa brasileira, dona das duas das seis principais refinarias da Bolívia, teria reduzido sua oferta pelas duas unidades de refino, nas últimas horas.
A proposta teria caído dos US$ 136 milhões, informados na semana passada, para US$ 112 milhões, de acordo com os jornais bolivianos La Razón, de La Paz, e El Deber, de Santa Cruz de la Sierra.
Assessores do ministro Villegas afirmaram, logo após a reunião, que a "nova proposta" da Petrobras era esperada, assim como a Bolívia também deverá melhorar seu preço por esta compra (agora de 100% das duas refinarias) nas próximas horas.
Não se descarta que Morales aumente "levemente" a proposta de US$ 60 milhões, com o argumento, para o público boliviano, de que as duas unidades são simbólicas na trajetória da nacionalização dos hidrocarbonetos no país.
As duas refinarias Gualberto Villaroel, em Cochabamba, e Guillermo Elder, em Santa Cruz levam nomes de defensores históricos deste processo.
Assessores de Morales recordaram, nesta quarta-feira, que ele é a favor do "diálogo" com o Brasil, como ele mesmo disse na véspera, mas que as refinarias são "muito importantes, em termos estratégicos" para fazer valer o decreto de nacionalização do petróleo e gás, assinado em maio do ano passado.
- Todos nós queremos preço justo pelas refinarias - disse um assessor de Morales, repetindo a palavra "justo" usada pelo presidente Lula ao se referir a esta venda.
As refinarias, relativamente pequenas, possuem capacidade de processar 40 mil barris diários de petróleo, de acordo com a Petrobras, e foram compradas pela estatal no fim de 1999, por US$ 102 milhões.
Este foi o ápice de uma onda de privatizações que, na década passada, abriu as portas da indústria petrolífera boliviana a uma dezena de transnacionais. A recuperação das refinarias por meio de recompra foi estabelecida como um dos objetivos da nacionalização do setor, decretada em 1 de maio de 2006.
As refinarias são o menor negócio da Petrobras na Bolívia, onde a gigante brasileira realiza principalmente operações de produção e transporte para garantir o bombeamento diário de até 30 milhões de metros cúbicos de gás natural ao mercado brasileiro.
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