Rio (Folhapress) O presidente da Petrobrás, José Sergio Gabrielli, admitiu ontem que a estatal planeja reajustar os preços do gás natural. Para isso, a empresa pretende suspender a concessão de descontos para as distribuidoras de gás. Esses subsídios são dados desde 2003. Essa é apenas uma das medidas que a Petrobrás pretende adotar para amenizar o impacto da demanda por gás no país. Gabrielli não disse, no entanto, quando isso deve ocorrer nem qual seria o impacto nos preços. "Ainda estamos conversando com os agentes", afirmou.
Esta não é a primeira vez que a estatal ameaça cortar os subsídios dos distribuidores de gás. No final de julho, a Petrobrás anunciou a redução dos incentivos dos contratos para distribuição do gás boliviano. Essa medida que representaria um aumento de preço de 27% começaria a valer a partir de agosto.
Poucos dias depois, a estatal voltou atrás e anunciou que iria adiar o reajuste para as distribuidoras que comercializam o gás natural importado da Bolívia. O recuo ocorreu após a chiadeira das distribuidoras de gás, lideradas pela Companhia Paranaense de Gás (Compagás). O protesto da Compagás foi reforçado pelas empresas do pólo cerâmico de Campo Largo, que converteram seus fornos de lenha para o gás e consideram inviável suportar um aumento no preço sem fazer demissões.
Outra medida que pode ser usada para derrubar a demanda por gás é o incentivo ao uso de bicombustíveis em termelétricas. Até janeiro de 2007, a estatal prevê terminar o processo de conversão da fonte de abastecimento de termelétricas que atualmente funcionam a gás natural. Essas termelétricas também passariam a óleo combustível e diesel. A mudança custará a Petrobrás de US$ 150 milhões a US$ 200 milhões.
Segundo Gabrielli, a demanda por gás cresceu 19% nos últimos dois anos e, combinada a uma defasagem de infra-estrutura, traz preocupações para a estatal. "O crescimento da oferta e da demanda e a necessidade de infra-estrutura fazem necessários alguns ajustes", afirmou.