Mesmo com a alta do preço do petróleo no mercado internacional, a Petrobras está segurando o reajuste dos combustíveis no Brasil e já acumula uma defasagem de 21% para a gasolina e de 18% no óleo diesel, de acordo com dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicam) divulgados na última semana.
A defasagem é a primeira da nova política de preços implantada pelo presidente da estatal, Jean Paul Prates, em meados de maio. O chamado PPI, ou Preço de Paridade de Importação, estava em vigor desde 2016 e alinhava o valor cobrado no país às variações do mercado internacional. A promessa, na época, era de que o fim da paridade faria os preços baixarem nas bombas.
O preço do diesel teve uma redução logo na sequência, de 12,8%, e a gasolina três vezes entre maio e junho, sendo a última de 5,3% que passou a vigorar no dia 1º de julho. No entanto, no mercado internacional, os combustíveis estão com aumentos acumulados de R$ 0,66 e de R$ 0,29 por litro, respectivamente (veja na íntegra).
O aumento da defasagem vem preocupando os investidores da companhia, que viram o preço das ações cair de R$ 31,10 para R$ 29,76 na última semana, por conta das incertezas na condução da nova política na contramão do preço do petróleo no mercado internacional. Na sexta (28), o barril do tipo Brent chegou a ser cotado a US$ 84,97 com tendência de alta.
Além do aumento da defasagem, os investidores também vem se mostrando mais preocupados com os rumos que a Petrobras está tomando após a revisão do plano estratégico de investimentos, que prevê ampliação da capacidade de refino e mudanças na política de distribuição de dividendos.
Esta última, aprovada na sexta (28), limita os pagamentos a 45% do fluxo de caixa livre ante 60% praticados até então. A Petrobras também incluiu na nova política de remuneração a recompra de ações como uma “opção para recompensar os acionistas”.
Há, ainda, a preocupação com a própria administração da companhia, em que o presidente Jean Paul Prates está na mira do governo por diferenças com o ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia. Na última quinta (27), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu com os dois políticos, mas o conteúdo da conversa não foi divulgado.
Nos bastidores se discute que Silveira vem sendo impedido de indicar diretores de sua preferência para o conselho de administração da estatal. O ministro faz parte da cota do PSD na base de sustentação do governo, enquanto que Prates é mais ligado à deputada federal Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT.
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