A semente da crise do gás natural foi plantada após o apagão de 2001. O Programa Prioritário de Termoeletricidade (PPT), lançado no governo Fernando Henrique para evitar que novas estiagens comprometessem o suprimento de energia, foi um fracasso: das 50 termelétricas previstas, apenas 22 ficaram prontas. O resultado foi que sobrou gás, e o governo brasileiro pagava à Bolívia por um combustível que não consumia.

CARREGANDO :)

Foi então que a Petrobras lançou o Programa de Massificação do Uso de Gás, motivando distribuidoras a investir em suas redes e indústrias a adotar o gás natural em seus fornos. O consumo nacional passou a crescer rapidamente. No Paraná, por exemplo, subiu a uma média de 22% ao ano desde o início da década, passando de 367 mil para 852 mil metros cúbicos por dia.

A situação se complicou em maio de 2006, quando a Bolívia reestatizou o setor de petróleo e inibiu o crescimento das importações. Para atender ao mercado que tanto estimulou, a Petrobras teve de criar outro programa, o Plano de Antecipação da Produção de Gás (Plangás) – que investirá quase R$ 39 bilhões para elevar a produção nacional a 70 milhões de metros cúbicos diários até 2010, além de importar 20 milhões de metros cúbicos de Gás Natural Liquefeito (GNL) a partir de 2009 – prazos vistos como "otimistas" pelo mercado.

Publicidade

A Compagas, que é controlada pela Copel e distribui o gás no Paraná, prevê que o consumo no estado deve crescer 12% em 2008 e mais 3% em 2009, chegando a 975 mil metros cúbicos por dia – 25 mil a menos que o contratado com a Petrobras, que é acionista da distribuidora. Mesmo tendo atingido picos de 1 milhão de metros cúbicos no último inverno, a companhia avalia que não terá cortes como os sofridos por São Paulo e Rio de Janeiro – que há anos consumiam mais que o contratado.

A distribuidora também diz contar com o gás que virá da Bacia de Campos nos próximos anos. "Até 2010, quando a Compagas deverá rever contratos de consumo, haverá outras opções de abastecimento", informou a empresa. Hoje, 93 empresas paranaenses do setor industrial dependem do gás boliviano distribuído pela companhia, além de 146 do comércio e 24 postos de GNV. Além disso, 66 prédios (2.145 apartamentos) em Curitiba e região usam gás natural.