A Petrobras planeja um Plano de Demissão Voluntária (PDV) para a BR Distribuidora, que será estendido aos funcionários de todas as subsidiárias colocadas à venda. O plano já foi aprovado pela diretoria executiva, mas ainda depende de aval do conselho de administração. A medida reforça a estratégia da companhia de reduzir seu tamanho.
Será o segundo PDV realizado pela petroleira só este ano. Com o primeiro, a companhia espera desligar até 12 mil funcionários e economizar R$ 33 bilhões em quatro anos.
Desde dezembro de 2013, antes da Operação Lava Jato, a Petrobras já cortou mais de 150 mil postos de trabalho, entre funcionários próprios, terceirizados e também empregados da construção civil em suas obras. Hoje, a companhia trabalha com 276 mil empregados, sendo apenas 78 mil próprios. Há três anos, o total chegava a 440 mil.
A decisão de abrir um novo PDV para as empresas a serem vendidas foi informada pelo diretor de Refino e Gás Natural, Jorge Celestino Ramos, em comunicado interno. De acordo com o documento, o programa “será automaticamente lançado em todos os ativos que venham a ser objetos de parceria ou desinvestimento”.
Ao jornal O Estado de S. Paulo, a Petrobras confirmou decisão, mas indicou que ainda não há definição de metas, custos de indenização, critérios ou prazos. Na carta, o diretor Celestino disse não ter resposta para todas as dúvidas dos trabalhadores. “Não deixem que especulações ou suposições interfiram no nosso trabalho”, disse.
Reação
O processo de venda de ativos, visto como fundamental para melhorar as finanças da estatal, bastante endividada, despertou fortes reações contrárias de trabalhadores e deixou o clima tenso. “Esse modelo se tornou uma panaceia ou tábua de salvação”, escreveu um funcionário na rede interna da empresa. Sindicatos já articulam uma greve no próximo mês contra o que consideram “entreguismo”.
“Se depender do sindicato, vamos parar tudo. Já rechaçamos esse entreguismo na década de 90 e não vamos aceitar de novo”, disse Emanuel Cancella, diretor do Sindpetro-RJ. Segundo ele, o sindicato deve aderir ao movimento de petroleiros do Nordeste, que preparam paralisação de cinco dias, em agosto, contra a venda de campos maduros na região.
Na carta, o diretor Celestino criticou a “visão equivocada” de que a venda da BR Distribuidora “equivale a uma privatização”. Segundo ele, a estatal será “sócio relevante” e a venda visa a gerar recursos para reduzir os “níveis muitos elevados e preocupantes” da dívida. “Para que não restem dúvidas: a Petrobras continuará participando de forma relevante no mercado de distribuição de combustíveis”.
Também o presidente da BR Distribuidora, Ivan de Sá, escreveu aos trabalhadores. “Sei que esta decisão provoca apreensão”, diz trecho da carta, carregada de elogios aos resultados da “força de trabalho”. “Momentos de mudança no mercado demandam soluções novas”, completa.
Preço do barril
A atual faixa de cotações internacionais de petróleo é “perigosa” para a viabilidade do pré-sal, na avaliação do conselheiro da Petrobras Segen Estefan. Segundo ele, o pré-sal “não vai conseguir conviver” com o barril de petróleo cotado entre US$ 45 e US$ 50, considerado referência para os próximos anos pelo próprio conselheiro. Para Segen, o risco recai sobre novos campos, com reservas menores que as já descobertas e em desenvolvimento pela estatal.
“O preço de petróleo vai ficar por alguns anos na faixa de US$ 50 a US$ 60. E essa é uma faixa perigosa para o Brasil. O pré-sal não vai conseguir conviver com óleo a US$ 50 ou a US$ 45 o barril”, avaliou Segen nesta segunda-feira, 25 em seminário na Coppe/UFRJ. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.