Greve nacional dos petroleiros segue pelo menos até segunda

O segundo dia da greve dos petroleiros segue sem grandes conflitos, registrando a adesão de mais profissionais e prometendo durar até pelo menos o dia do primeiro leilão do pré-sal, do campo gigante de Libra, na segunda-feira (21).

Leia a matéria completa.

CARREGANDO :)
Veja também
  • Greve atinge Petrobras; Justiça determina desocupação de ministério
  • Petroleiros participam de manifestação em apoio a movimento nacional
  • Exército reforçará segurança no local do leilão do Campo de Libra
  • Greve atinge 42 plataformas da Petrobras, diz sindicato
  • Greve de petroleiros começa sem afetar produção na Repar

Os petroleiros do Paraná, em apoio à greve nacional da categoria, promovem piquetes em frente à Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária (região metropolitana de Curitiba) nesta sexta-feira (18). O movimento impede a entrada de funcionários para trocar de turno e atinge ainda a Usina do Xisto, em São Mateus do Sul. A entidade faz os protestos contra o leilão de petróleo do Campo de Libra, no pré-sal da bacia de Santos, previsto para 21 de outubro.

Publicidade

Oficialmente, nos três locais, a produção ainda não é afetada segundo a Petrobras. O sindicato rebate e cita que 15% da produção de coque (um tipo de carvão mineral) foi reduzida na Repar. A entidade que representa os funcionários admite, porém, que as outras áreas estão inalteradas porque empregados que deveriam trocar de turno permanecem em seus respectivos postos de trabalho. A situação, no entanto, não deve durar muitos dias, já que os funcionários em atuação devem cansar e ter que deixar a empresa.

Na Repar, o grupo em atuação entrou às 8h30 desta quinta-feira e ainda está no local, segundo o Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro) do Paraná e Santa Catarina. Já na Usina do Xisto, o grupo que estava em atuação nesta sexta está no local desde as 15h30 de quinta. A estimativa é de que 75% dos funcionários das refinarias e usinas tenham aderido à greve. Na área operacional esse número chegaria a 90%, nas contas do sindicato.

O presidente do Sindipetro-PR/SC, Silvaney Bernardi, conta que esses funcionários que estão atuando foram remanejados pela Petrobras para manter a operação da Repar e da usina. Com isso, funcionários que estavam em áreas de supervisão ou em outros postos foram colocados para operar máquinas e equipamentos. Ele critica a atitude (que ainda não foi confirmada oficialmente pela empresa) e compara a situação a um voo comercial, no qual o comandante passa o seu posto a um piloto inexperiente.

"Essas pessoas não estão familiarizadas com o equipamento, com as mudanças que ocorrem constantemente nos procedimentos de segurança. Enquanto continuar em 'voo de cruzeiro', a refinaria continua operando normalmente, pode ficar vários dias assim. Mas se tiver uma oscilação do processo, a situação exige experiência. Esse é o risco que hoje está colocado e sabemos que há pessoas em alguns postos que tem capacidade bem aquém do necessário. Imagine você dormindo dentro de uma refinaria," questiona.

Previsão

Publicidade

A previsão do sindicato é de que neste fim de semana a produção comece a ser afetada diretamente, já que os trabalhadores devem ficar cada vez mais cansados. No caso da Repar, segundo Silvanei, a produção do coque deve ser afetada primeiro e depois disso o que deve ser sentido primeiro provavelmente será a falta de GLP devido aos estoques baixos. Mas não há, segundo ele, um produto que pare de ser fabricado primeiro, já que o carro-chefe da Repar é a produção de combustíveis, que ocorre simultaneamente durante o refino de petróleo.

No caso da Usina do Xisto, também não é possível fazer uma previsão precisa, conforme explica Rui Rossetin, diretor regional São Mateus do Sul. "Não sabemos qual é o número exato de funcionários que está lá [na Usina do Xisto], sabemos que não é o efetivo normal e que o pessoal é desqualificado para fazer o trabalho. Se a gente conseguir parar, que é nossa intenção, com certeza a produção vai diminuiu ou mesmo parar".

Este local funciona de maneira diferente em relação à Repar e os principais produtos feitos são o óleo de xisto (similar ao petróleo e que é vendido diretamente como combustível), enxofre (utilizado na indústria química), nafta de xisto (espécie de solvente utilizado em combustíveis) e gás de xisto. Este último produto abastece diretamente a indústria Incepa Revestimentos Cerâmicos. No caso de haver paralisação do gás de xisto, a Petrobras, por contrato, precisa manter o abastecimento no local e teria que fazer isso com GLP (gás considerado mais nobre que o de xisto).

Petrobras

A assessoria de imprensa da Petrobras foi procurada, por volta das 10 horas, e a reportagem aguarda retorno com as informações solicitadas sobre a greve.

Publicidade

Leilão

O leilão, previsto para 21 de outubro, é organizado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O consórcio que vencer a disputa terá que fazer um pagamento imediato de R$ 15 bilhões e firmar o compromisso de investimento mínimo de R$ 610 milhões nos primeiros quatro anos.

Três estatais chinesas, a Shell (britânica) e a Total (francesa) estão disputando o Campo de Libra. A previsão é que Libra esteja produzindo 1 milhão de barris por dia em 2020, metade do que a Petrobras levou 60 anos para obter.

Distribuição de gás de cozinha

A paralisação reacende a possibilidade de uma possível falta de GLP (o gás de cozinha) ao consumidor, já que a distribuição está deficitária desde o fim de setembro. Houve registro até de falta de gás em algumas regiões. Isso porque, nesse período, houve aumento do consumo devido ao inverno prolongado do Sul e da manutenção da Refinaria de São José dos Campos. Este local estava produzindo apenas um quarto de sua capacidade durante a execução de melhorias no espaço, segundo a Petrobras e o Sindicato dos Revendedores de Gás do Paraná (Sinregás-PR).

Publicidade