Os preços do petróleo dispararam nesta segunda-feira (22) em Nova York, subindo US$ 16 ao longo da sessão - maior alta diária já registrada - por influência da queda do dólar no mercado mundial e pelo vencimento do contrato para outubro.
O barril do tipo WTI para entrega em outubro subiu US$ 16,37, fechando a US$ 120,92 em Nova York, impulsionado pelo dólar em queda e pelo plano de reativação econômica dos Estados Unidos. Durante a tarde, o preço chegou a atingir US$ 130, com alta superior a US$ 25. Em Londres, o barril de Brent para entrega em novembro, ganhou US$ 6,43 na sessão, fechando a US$ 106,04.
Alta sem precedentes
"É uma alta sem precedentes" estimou Antoine Halff, da Newedge Group. A disparada se explica em grande parte pela expiração do contrato para entrega em outubro, explicaram analistas.
O contrato para entrega em novembro, próximo contrato de referência, registrou uma alta mais limitada, de US$ 6,62, encerrando a US$ 109,37.
Com o vencimento do contrato de outubro, "os operadores do mercado foram forçados a pagar um preço exorbitante para liquidar suas posições", destacou Halff. Segundo o analista, a disparada foi acentuada pela falta de liquidez no mercado, mais um reflexo da crise financeira.
Estoques
Outro fator que reforçou a tensão sobre o contrato de outubro - sobre volumes que devem ser entregues em prazos muito curtos: os estoques de cru estão em um nível muito baixo nos Estados Unidos por causa das interrupções da produção durante a passagem dos furacões Gustav e Ike, explicou Halff.
"Uma parte considerável da produção do Golfo do México continua inoperante depois da passagem do furacão Ike", disse Mike Fitzpatrick, da MF Global. Segundo o departamento de Energia americano, a produção americana no Golfo do México (1,3 milhões de barris de cru diários), prejudicada há três semanas, recuperou apenas 23,4% de sua capacidade até agora.
Os preços já haviam subido mais de US$ 6 na sexta-feira, depois de anunciada a massiva intervenção das autoridades americanas para socorrer o setor financeiro. De acordo com os analistas, esta intervenção tranquilizou os mercados e afastou temores de uma desaceleração da economia, que afetaria o consumo de petróleo.
O fator câmbio
Por outro lado, a alta do cru foi favorecida pela queda do dólar, que nesta segunda-feira era negociado em torno de US$ 1,48 por euro, tornando as matérias-primas cotadas na moeda americana mais atraentes para investidores que compram em outras moedas.
"O dólar está sob pressão por causa da perspectiva de um aumento da dívida americana como conseqüência do plano de salvamento", orçado em US$ 700 bilhões, acresentou Fitzpatrick.