O senador boliviano Ricardo Díaz, do Movimento ao Socialismo (MAS), pediu a destituição do presidente da estatal boliviana de petróleo YPFB, Jorge Alvarado, do cargo, depois de um escândalo que veio à tona envolvendo as empresas brasileiras Iberoamérica e Univen, sócia desta primeira.
Horas antes, o ministro de Hidrocarburos do país, Andrés Soliz, advertira que a falta de transparência na estatal poderia comprometer a nacionalização das reservas e dos ativos de petróleo e gás do país decretada em maio.
A Univen Petroquímica aparece como destinatária final de um contrato para compra de petróleo ao estado boliviano por intermédio da Iberoamérica Trading.
O contrato previa que a petroleira boliviana entregaria 2 mil barris diários de petróleo cru à Iberoamérica e que a quantia seria paga com diesel. Segundo a denúncia, a YPFB teria aceitado um preço muito inferior pelo petróleo que o cobrado no mercado internacional.
O escândalo veio à tona no dia 28 de julho, pela Superintendência de Hidrocarburos, que disse ter sido pressionada irregularmente por Alvarado. A perda potencial da Bolívia com o contrato seria de cerca de US$ 4 milhões anuais.
Alvarado é considerado muito próximo do presidente Evo Morales e já teve sua renúncia pedida por quase todos os partidos de oposição. Este seria o primeiro grande caso de corrupção a ser enfrentado no governo de Morales, caso comprovado.
- A renúncia é o caminho mais condizente com um esclarecimento. Do contrário estaremos dando pano para a manga da oposição (...) e o presidente Morales deve tomar uma decisão - disse o senador à TV estatal.
Apesar das investigaçções na Justiça comum e na Controladoria Geral, o ministro Soliz prometeu firmeza governamental na solução do caso.
- Se a YPFB não for uma empresa transparente, vai gerar uma frustração do povo boliviano e o fracasso da nacionalização dos hidrocarbonetos - disse o ministro, durante um evento na empresa do qual também participava Alvarado.
Não houve explicações oficiais par a ausência do presidente Morales ao evento. Sua presença já havia sido confirmada.
O ministro Soliz disse ainda que o governo estava decidido a completar a nacionalização para impulsionar as trocas estruturais que devem ser aprovadas pela assembléia constituinte.
A Univen foi procurada pelo Globo Online nesta sexta-feira, mas não havia ninguém disponível para falar com a imprensa.