A Polícia Federal prendeu na madrugada desta terça-feira (18) o presidente do Conselho Administrativo da Smar Equipamentos Industriais, Edmundo Rocha Godini. Ele é suspeito de praticar crimes de natureza tributária e financeira como sonegação fiscal, descaminho, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. A estimativa da Receita Federal é de prejuízo de R$ 1,6 bilhão aos cofres públicos.
Outras sete pessoas estão sendo procuradas pela polícia dentro e fora do país, entre elas integrantes da empresa e fiscais da Receita Federal. A reportagem não conseguiu contato hoje com os diretores da companhia ou representantes nomeados. Na sede da empresa, ninguém falou.
Com sede em Sertãozinho (333 km de São Paulo), a Smar é investigada pela Receita Federal e Ministério Público Federal desde 2009. A operação da PF foi batizada de "Califórnia Brasileira". Na internet, a empresa se descreve como líder em automação industrial e a empresa brasileira que mais detém patentes nos Estados Unidos, com subsidiárias em 13 países.
Com um quadro de 700 funcionários, de acordo com a Procuradoria, fabrica equipamentos de automação de alta tecnologia, que são vendidos no Brasil e também exportados a outros 77 países. "Este grupo comete crimes desde 1984. A ficha deles é um passeio pelo código penal", afirmou o delegado Paulo Vibrio.Segundo ele, o grupo criou outras 30 empresas no país e no exterior, por meio das quais realizada lavagem de dinheiro, evasão de divisas e também ocultava os nomes dos reais proprietários. "Não se trata de uma simples inadimplência fiscal e sim, de fraude tributária para ter caixa e domínio do mercado", disse o procurador Uendel Domingues Ugatti.
Segundo ele, o grupo subornava auditores da Receita Federal em aeroportos de São Paulo para subfaturar, em até 50%, as importações. "Há e-mails entre eles que comprovam as liberações dos pagamentos aos agentes públicos", afirmou Ugatti.
Chefe
Godini é considerado o "cabeça" da quadrilha, de acordo com o delegado Lindinalvo Alexandrino de Almeida Filho. Ele foi preso em sua casa, no Jardim Recreio, em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo).
Em 2005, enquanto era diretor da empresa, a Justiça já havia expedido um mandado de prisão preventiva contra ele e outros cinco envolvidos num mesmo esquema de fraude."Há história de prática criminosa por trás do sucesso desta empresa. Não é fácil o combate ao crime do colarinho branco, mas todos serão presos", afirmou o procurador.