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Investigação

PF realiza mega operação contra crimes envolvendo a negociação de criptoativos

As investigações tiveram início a partir de um relatório de inteligência financeira, com comunicações de movimentações bancárias suspeitas envolvendo a negociação de criptoativos na ordem de mais de R$ 18 bilhões. (Foto: Polícia Federal/Divulgação)

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A Polícia Federal, com o apoio da Receita Federal, realizou na manhã desta quinta-feira (22), uma grande operação em vários estados do país para investigar crimes de evasão de divisas, lavagem de dinheiro e associação criminosa envolvendo a negociação de criptoativos praticados entre 2017 a 2021.

Ao todo, 170 policiais cumprem ordens judiciais de prisão e busca e apreensão nas cidades de São Paulo (SP), Guarulhos (SP), Franca (SP), Campinas (SP), Santo André (SP), Mogi das Cruzes (SP), Barueri (SP), Rio de Janeiro (RJ), Niterói (RJ), Belo Horizonte (MG), Florianópolis (SC), Caxias do Sul (RS), Recife (PE) e Curitiba (PR). Dentre as empresas investigas estão seis exchanges (corretoras responsáveis por mediar negociações entre compradores e vendedores de criptoativos), quatro instituições financeiras autorizadas pelo BACEN a operar no mercado de câmbio e três escritórios de contabilidade.

Além dos mandados de busca e apreensão, foi determinado ainda o bloqueio de bens e valores dos investigados no valor aproximado de R$ 1,2 bilhão. Também foi determinado a 28 exchanges, com atuação no Brasil e no exterior, o sequestro de ativos virtuais titularizados pelos investigados.

Negociações de R$ 18 bilhões

Segundo informações da PF, as investigações tiveram início a partir de um relatório de inteligência financeira, com comunicações de movimentações bancárias suspeitas envolvendo a negociação de criptoativos na ordem de mais de R$ 18 bilhões. Em razão do grande volume das operações financeiras, os suspeitos foram divididos em vários grupos.

“O grupo dos arbitradores era responsável pela aquisição de grandes quantidades ativos virtuais no exterior, em países como Estados Unidos, Cingapura e Hong Kong, e a sua venda no Brasil. Para tanto foram realizadas remessas de valores para o exterior na ordem de mais de R$ 18 bilhões”, diz a PF.

De acordo com as investigações, parte da documentação apresentada aos bancos possui indícios de desvio de finalidade. A documentação em questão tinha como objetivo ocultar a origem nacional dos valores, já que, segundo apurado, as exchanges americanas, que realizavam a negociação de criptomoedas e outros ativos digitais, não aceitavam a compra de criptoativos com recursos oriundos do Brasil.“O grupo das Exchanges era responsável pela compra dos ativos virtuais dos arbitradores e a sua revenda para pessoas físicas e jurídicas, com fortes indícios de envolvimento em ilícitos antecedentes”, aponta a PF.

Clientes falecidos e movimentações de R$ 1 bilhão

Existia ainda um terceiro grupo formado por empresas de fachada que adquiriam os criptoativos das exchanges com a finalidade de lavagem de dinheiro. “Chama atenção o fato de dentre os clientes dessas existirem pessoas mortas, beneficiários de programas assistenciais do governo, idosos com mais de 90 anos de idade, doleiros, contrabandistas e comerciantes de bairros de comércio popular de diversas cidades do país, em especial do Brás e da 25 de Março em São Paulo”, informou a Polícia Federal em nota. Um único contador era responsável por mais de 1.300 empresas sediadas nesses locais de comércio popular da capital paulista. A maioria dessas empresas era de fachada. Durante o período investigado, as empresas administradas por esse contador movimentaram, aproximadamente, R$ 1 bilhão com os arbitradores e as exchanges investigadas.

Conexão com o tráfico de drogas

Ainda segundo a PF, foi possível apurar a conexão dos crimes investigados nessa operação com diversas outras ações já realizadas contra crimes relacionados ao tráfico internacional de drogas, organização criminosa, crimes contra o sistema financeiro nacional, pirâmides financeiras e lavagem de dinheiro. “Além desses, os indícios levantados apontam para a compra direta de criptoativos por traficantes de drogas, doleiros, contrabandistas e outros interessados em realizar operações de cripto-cabo. Em comum, todos os investigados nessas operações adquiriram milhões de reais em criptoativos, cuja finalidade era remessa de valores para fora do país”, diz a PF.

As investigações apontaram que, após cada operação policial realizada, as empresas de fachada comprometidas eram fechadas e novas empresas abertas, de modo a viabilizar a continuidade da movimentação dos valores de origem ilícita. Há casos de empresas de fachada que já estão na terceira geração. Ao longo das investigações, levantou-se que em um período de quatro anos os investigados movimentaram mais de R$ 61 bilhões através do sistema bancário formal.

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