A preocupação com uma aposentadoria tranquila tem feito cada vez mais pessoas recorrerem aos planos de previdência privada. Entre as modalidades disponíveis mais comuns estão o PGBL (Plano Gerador de Benefícios Livre) e VGBL (Vida Gerador de Benefícios Livre). Mas, especialistas alertam que é preciso cautela na hora de escolher o investimento que pode garantir um futuro sem sobressaltos financeiros.
A principal diferença entre os dois planos previdenciários é a forma de tributação. Enquanto no PGBL os impostos incidem sobre o valor total do investimento, no VGBL apenas os rendimentos são tributados. Contudo, no PGBL o valor aplicado pode ser diferido do Imposto de Renda (IR), respeitando o limite de 12% da renda bruta. Assim, uma pessoa com renda de R$ 15 mil, que investiu R$ 3 mil no PGBL, terá o cálculo do IR feito sobre R$ 12 mil. "O imposto deduzido será postergado para o momento do resgate dos investimentos", explica Raphael Cordeiro, da InvaCapital. Segundo Cordeiro, essa modalidade é vantajosa para quem possui renda tributável e faz declaração de IR pelo modelo completo, e não simplificado.
Na hora de escolher entre PGBL ou VGBL, o ponto de partida deve ser a definição do perfil tributário do investimento. "Nesse ponto, uma escolha errada pode levar o investidor a perder muito dinheiro", ressalta Cordeiro. O perfil tributário determina qual o modelo de impostos investidor vai pagar na hora da retirada do benefício: o compensável ou regressivo definitivo. De acordo com o consultor de investimentos Humberto Veiga, no modelo compensável é possível recuperar parte do imposto pago na hora do resgate. "Isso vale tanto para PGBL quanto para VGBL e costuma ser mais vantajoso para quem faz declaração simplificada e tem expectativa de um rendimento menor no futuro", observa Veiga, autor do livro Tranquilidade Financeira Saiba como investir no seu futuro (editora Saraiva).
Por outro lado, no regressivo definitivo, não há a possibilidade de abatimento. O imposto começa em 35% e vai regredindo até o limite de 10%. Como o imposto é calculado com base na data inicial do investimento, não é recomendado para quem quer retirar o valor antes do prazo de 10 anos. Isso porque, até o segundo ano a taxa permanece em 35%. Depois começa a regredir 5% a cada dois anos.
Além disso, também é preciso ficar atento ao custo da taxa de carregamento e da taxa de administração, já que elas impactam diretamente a rentabilidade. Nesse caso, a cobrança é feita sobre o valor principal mais o rendimento e vale para as duas modalidades, PGBL e VGBL. Enquanto a taxa de carregamento é cobrada apenas uma vez, no momento da adesão ao plano, a taxa de administração é cobrada mensalmente e pode comprometer o rendimento. "Em muitos casos o rendimento está rendendo 7,25%, que é a atual Selic, mas a taxa de administração consome 3%, ou seja, quase metade".
Cenário
Diante de um cenário de juros baixos e inflação em alta, Humberto Veiga aconselha os investidores a fazerem uma projeção dos rendimentos futuros com as taxas de juros reais, já descontada a inflação. "O ideal é que as simulações sejam feitas com uma taxa de juros de, no máximo, 2%", recomenda. Mesmo quem já investe em planos de previdência privada precisa refazer os cálculos. Segundo Cordeiro, em muitos casos é provável que o investidor tenha que aumentar o valor da contribuição para manter a projeção de retirada. "A cada cinco anos é recomendada um atualização do plano".