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Philips agora produz chupetas e mamadeiras

Há exatos nove meses, o vice-presidente da Philips do Brasil, Paulo Ferraz, está às voltas com mamadeiras, chupetas e babás eletrônicas. A dedicação do executivo a esses produtos não tem nada a ver com a chegada de mais um filho. Ferraz prepara a estréia da Philips do Brasil, marcada para esta semana, num novo segmento.

São produtos para bebês que estarão ao mercado nacional sob a marca inglesa Avent, comprada pela Philips mundial em 2006 por 166 milhões. O mercado brasileiro de produtos infantis, incluindo as fraldas, é estimado pela companhia em R$ 1,2 bilhão.

Em três anos, a empresa quer ter 40% desse mercado e, para isso, vai brigar de frente com a alemã Nuk e a austríaca Mam, que já estão no País nesse segmento. As três marcas disputam um mercado mundial que gira cerca de 7 bilhões por ano.

A entrada da Philips no mercado de produtos infantis pode parecer algo inusitado. Na prática, é mais um passo dado pela companhia, em esfera global, na busca pela diversificação. O Brasil é o último país da América Latina em que esse movimento ligado a produtos de puericultura ocorre. Há 85 anos instalada no País, a marca sempre foi sinônimo de TV, mas recentemente entrou no segmento de notebooks e estréia, também neste mês, na fabricação de som automotivo.

"A margem de rentabilidade desses produtos infantis é três vezes maior do que a obtida com a linha marrom", afirma Ferraz. O movimento de diversificação é uma resposta à crescente padronização dos aparelhos de imagem e som e à concorrência quase que predatória nesse segmento.

Por isso, a empresa passou a buscar alternativas para não colocar todos os ovos na mesma cesta. Além disso, a intenção da empresa é emprestar a confiabilidade da marca Philips a outros produtos. "Comprar produto da Philips dá muita segurança", diz Ferraz, destacando que a nova linha será assinada pela Philips, seguida pela Avent.

Segundo o executivo, o perfil mundial da companhia começou a mudar em 2007, quando foi feita mudança de estrutura e houve reagrupamento dos produtos fabricados em três grandes setores: cuidados com a saúde, iluminação e produtos de consumo e estilo de vida. Esse último reúne de televisores às chupetas e no Brasil está sob o comando de Ferraz.

Junto com a reestruturação, foi estabelecida a meta mundial de, até 2010, mais que dobrar por ação o lucro antes de serem descontados os juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITA).

Para isso, observa Ferraz, além do crescimento orgânico e do desenvolvimento de novos produtos, a empresa começou a se fortalecer na fabricação de artigos destinados a cuidados com saúde e iluminação e reforçou o foco nos mercados emergentes. A meta é que a América Latina, que hoje representa entre 7% e 8% da operação global com faturamento de 1,9 bilhão, em boa parte vindo do Brasil, atinja 10% em dois anos.

EMERGENTES - Apesar de a empresa estar alicerçada nos produtos eletroeletrônicos, principalmente nos países emergentes, as perspectivas de crescimento do mercado de produtos voltados para mães e bebês é promissora. Nos próximos cinco anos, esse mercado crescerá 10% ao ano em países emergentes como o Brasil, o dobro da taxa prevista para países desenvolvidos, estima a companhia.

Segundo o vice-coordenador do Centro de Excelência em Varejo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Silvio Laban, a estratégia da Philips de diversificação é uma saída natural para empresas que estão em segmentos onde os produtos têm ciclos de renovação tecnológica cada vez mais curtos e tendem à commoditização.

"Além disso, crianças continuam nascendo e as mães têm cada vez menos tempo para gastar com os filhos e precisam de produtos práticos e seguros", diz Laban. O especialista ressalta que há sinergias entre os produtos e cita como exemplo a babá eletrônica, que leva uma boa dose de tecnologia.

Sem revelar dados sobre faturamento e participação no mercado, a alemã Nuk encara a entrada da Avent de forma positiva Segundo Vanessa Flora, gerente de marketing da empresa, a entrada de mais um competidor contribui para uma categoria de produtos que ainda está em fase de amadurecimento no País.

A marca, cinqüentenária no exterior, está no Brasil há 14 anos e começou a operar aqui por meio de um distribuidor. No início de 2004, a Mucambo, filial da Mapa Spontex, empresa francesa detentora mundial da marca, começou a produzir mamadeiras, em Ilhéus, na Bahia. Essa foi a primeira fábrica da empresa fora da Alemanha.

Procurados pela reportagem, os representantes da marca austríaca Mam informaram que não teriam disponibilidade para se manifestar sobre mais uma concorrente no País.

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